Política

O Grande Conspirador: quem quer Henrique Meirelles como presidente indireto?

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Chico Whitaker – Sheakespare, se vi­vesse no Brasil destes úl­timos dois anos, teria muita ma­téria para es­crever mais al­gumas boas peças sobre in­trigas e cons­pi­ra­ções pa­la­ci­anas. Se­gu­ra­mente, cu­nharia frases mais fortes do que a do prín­cipe Hamlet, um dos seus mais co­nhe­cidos per­so­na­gens, ao lhe serem re­ve­ladas umas tantas coisas que se pas­savam na corte de que fazia parte.

“Há algo de podre no reino da Di­na­marca”. Mas não dei­xaria es­capar coin­ci­dên­cias que até agora, aqui em nossas terras, não cha­maram muita atenção. Como as que surgem au­to­ma­ti­ca­mente em nossas ca­beças ao se ler ar­tigo do jor­na­lista Mauro Lopes, recém-pu­bli­cado no site Ou­tras Pa­la­vras: “Mei­relles era o pre­si­dente do JBS e não sabia de nada”.

Em seu se­gundo pro­nun­ci­a­mento Temer atacou for­te­mente o de­lator que gravou uma con­versa com­pro­me­te­dora com ele. Como se tudo não pas­sasse de uma mon­tagem mal in­ten­ci­o­nada de um “fa­las­trão”. Acon­tece que esse per­so­nagem é o dono de uma mul­ti­na­ci­onal que con­se­guiu con­tratar o ex-pre­si­dente do Banco Cen­tral no go­verno Lula e atual mi­nistro da Fa­zenda do Brasil para ser o Pre­si­dente do Con­selho de Ad­mi­nis­tração de sua em­presa.

E entre as muitas in­for­ma­ções do ar­tigo ci­tado fi­camos sa­bendo que ele ga­nhou para de­sem­pe­nhar essa função 40 mi­lhões por ano, e que ocupou esse cargo de 2012 a 2016, pe­ríodo du­rante o qual foi re­pas­sada por essa em­presa a maior parte das pro­pinas aos mais va­ri­ados po­lí­ticos.

Ora, como os mon­tantes são de im­pres­si­onar até os mais bem in­for­mados dos co­muns dos mor­tais, o jor­na­lista fez a per­gunta óbvia: será pos­sível que um pre­si­dente de Con­selho de Ad­mi­nis­tração possa não ficar sa­bendo de nada do que está sendo feito com os re­cursos da em­presa que pre­side? Sua con­clusão foi também óbvia: “se ele soube, deve en­trar nos pro­cessos em curso. Se ele não sabia de nada mesmo, deve ser in­ter­di­tado, porque deixar um néscio assim como mi­nistro da Fa­zenda do Brasil é um risco sem me­dida”.

Esse risco nos in­te­ressa evitar, evi­den­te­mente. Mas a Sha­kes­peare o que in­te­res­saria seria uma sequência ló­gica capaz de criar mais sus­pense: a de­lação do dono da JBS pode de­ter­minar a queda do atual pre­si­dente da Re­pú­blica. E, em se­guida, uma das hi­pó­teses mais in­sis­tentes é de que o ex-pre­si­dente do Con­selho de Ad­mi­nis­tração de sua em­presa passe a ocupar esse posto, por meio de uma eleição in­di­reta – já que os donos do poder no Brasil de hoje pre­cisam ga­rantir as fa­mi­ge­radas re­formas pró-sis­tema fi­nan­ceiro, ar­qui­te­tadas também por ele, como mi­nistro da Fa­zenda.

O jor­na­lista não aponta para a hi­pó­tese de ele ter ar­qui­te­tado também um tal en­ca­de­a­mento. Mas sem pre­ten­dermos ter a pers­pi­cácia de Sha­kes­peare, bem que po­de­ríamos acon­se­lhar o pre­si­dente Temer a pro­curar cons­pi­ra­dores nas pró­prias salas de seu pa­lácio, já que ele pa­rece con­si­derar a pos­si­bi­li­dade de sua exis­tência para o que está lhe acon­te­cendo… Afinal de contas, sua ex­pe­ri­ência de vice al­çado à pre­si­dência deve lhe ter sido ins­tru­tiva.

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