Economia

A ascensão do capitalismo e a produtividade do trabalho

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Michael Roberts – O que foi a Revolução Industrial? – Resumo de tudo sobre a Revolução Industrial – Toda Matéria
Em minha opi­nião, há duas grandes des­co­bertas ci­en­tí­ficas feitas por Marx e En­gels: a con­cepção ma­te­ri­a­lista da his­tória e a lei do valor sob o ca­pi­ta­lismo; em par­ti­cular, a exis­tência de mais-valia na acu­mu­lação ca­pi­ta­lista. A con­cepção ma­te­ri­a­lista da his­tória afirma que as con­di­ções ma­te­riais do modo de pro­dução de uma so­ci­e­dade e as classes so­ciais que emergem nesse modo de pro­dução de­ter­minam, em úl­tima ins­tância, as re­la­ções e a ide­o­logia de uma so­ci­e­dade. Como disse Marx no pre­fácio de seu livro de 1859, Uma Con­tri­buição para a Crí­tica da Eco­nomia Po­lí­tica: “O modo de pro­dução da vida ma­te­rial con­di­ciona o pro­cesso geral da vida so­cial, po­lí­tica e in­te­lec­tual. Não é a cons­ci­ência dos ho­mens que de­ter­mina sua exis­tência, mas sua exis­tência so­cial que de­ter­mina sua cons­ci­ência”.

Essa visão geral foi jus­ti­fi­cada muitas vezes em es­tudos da his­tória econô­mica e po­lí­tica da or­ga­ni­zação hu­mana. Esse é par­ti­cu­lar­mente o caso ao ex­plicar a as­censão do ca­pi­ta­lismo para se tornar o modo de pro­dução do­mi­nante. Agora, há um novo es­tudo que adi­ciona ainda mais su­porte para a con­cepção ma­te­ri­a­lista da his­tória. Três es­tu­di­osos das Uni­ver­si­dades de Ber­keley e Co­lumbia pu­bli­caram um ar­tigo, Quando o cres­ci­mento co­meçou? Novas es­ti­ma­tivas de cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade na In­gla­terra de 1250 a 1870: https://​eml.​ber​kele​y.​edu/~js­teinsson/pa­pers/malthus.pdf

Eles tentam medir quando o cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade (pro­dução por tra­ba­lhador ou horas de tra­balho) re­al­mente de­colou na In­gla­terra, um dos pri­meiros países onde o modo de pro­dução ca­pi­ta­lista se tornou do­mi­nante. Eles des­co­briram que quase não havia cres­ci­mento na pro­du­ti­vi­dade antes de 1600. Mas a pro­du­ti­vi­dade co­meçou a de­colar muito antes da cha­mada “Re­vo­lução Glo­riosa” de 1688, quando a In­gla­terra se tornou uma “mo­nar­quia cons­ti­tu­ci­onal” e o go­verno po­lí­tico dos co­mer­ci­antes e pro­pri­e­tá­rios de terras ca­pi­ta­listas era es­ta­be­le­cido. Esses es­tu­di­osos des­co­briram que, de cerca de 1600 a 1810, houve um au­mento mo­desto da pro­du­ti­vi­dade da força de tra­balho na In­gla­terra de cerca de 4% em cada dé­cada (então 0,4% ao ano), mas de­pois de 1810 com a in­dus­tri­a­li­zação da Grã-Bre­tanha, houve uma rá­pida ace­le­ração do cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade para cerca de 18% a cada dé­cada (ou 1,8% ao ano). A mu­dança do ca­pi­ta­lismo agrí­cola do sé­culo 17 para o ca­pi­ta­lismo in­dus­trial trans­formou a pro­du­ti­vi­dade do tra­balho.

Os au­tores co­mentam: “nossa evi­dência ajuda a dis­tin­guir entre as te­o­rias de por que o cres­ci­mento co­meçou. Em par­ti­cular, nossas des­co­bertas apoiam a ideia de que uma mu­dança econô­mica de base ampla pre­cedeu as re­formas ins­ti­tu­ci­o­nais bur­guesas da In­gla­terra do sé­culo 17 e pode ter con­tri­buído para causá-las”. Em ou­tras pa­la­vras, foi a mu­dança no modo de pro­dução e nas classes so­ciais que vi­eram pri­meiro; as mu­danças po­lí­ticas vi­eram de­pois.
Como os au­tores con­ti­nuam a dizer, “um de­bate im­por­tante sobre o início do cres­ci­mento é se a mu­dança econô­mica levou à mu­dança po­lí­tica e ins­ti­tu­ci­onal, como Marx afirmou, ou se a mu­dança po­lí­tica e ins­ti­tu­ci­onal deu o pon­tapé ini­cial no cres­ci­mento econô­mico”.

Os au­tores não querem aceitar a con­cepção de Marx aber­ta­mente e pro­curam ar­gu­mentar que “a re­a­li­dade é pro­va­vel­mente mais com­plexa do que qual­quer uma das duas vi­sões”. Mas eles não podem es­capar de seus pró­prios re­sul­tados: o cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade co­meçou quase um sé­culo antes da Re­vo­lução Glo­riosa e bem antes da Guerra Civil In­glesa. E “isso apoia a visão mar­xista de que a mu­dança econô­mica con­tri­buiu de ma­neira im­por­tante para a mu­dança ins­ti­tu­ci­onal do sé­culo 17 na In­gla­terra”.

O outro as­pecto in­te­res­sante do ar­tigo é que os au­tores tentam medir o im­pacto do cres­ci­mento po­pu­la­ci­onal na pro­du­ti­vi­dade e nos sa­lá­rios. No início do sé­culo 19, Thomas Malthus ar­gu­mentou que era im­pos­sível para o cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade au­mentar o su­fi­ci­ente para per­mitir que os tra­ba­lha­dores au­men­tassem suas rendas reais, porque rendas mais altas le­va­riam ao au­mento de nas­ci­mentos e, even­tu­al­mente, su­per­po­pu­lação, es­cassez de ali­mentos e fome etc., então re­du­zindo a po­pu­lação e a renda no­va­mente.

Os au­tores ob­servam que antes de 1600, há evi­dên­cias para apoiar o caso malthu­siano. O pe­ríodo de 1300 a 1450 foi um pe­ríodo de pragas fre­quentes – a mais fa­mosa foi a Peste Negra de 1348. Nesse pe­ríodo, a po­pu­lação da In­gla­terra caiu por um fator de dois, re­sul­tando em uma queda acen­tuada na oferta de tra­balho. Nesse mesmo pe­ríodo, os sa­lá­rios reais au­men­taram subs­tan­ci­al­mente. Então, de 1450 a 1600, a po­pu­lação (e a oferta de tra­balho) se re­cu­perou e os sa­lá­rios reais caíram. Em 1630, a eco­nomia in­glesa es­tava de volta quase exa­ta­mente ao mesmo ponto de 1300.

A razão pela qual o ar­gu­mento malthu­siano tem va­li­dade antes de 1600 é que houve pouco ou ne­nhum cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade; assim, os meios de sub­sis­tência eram de­ter­mi­nados apenas pela oferta de tra­balho e pelos sa­lá­rios. A In­gla­terra pré-ca­pi­ta­lista era uma eco­nomia es­tag­nada e es­ta­ci­o­nária em termos de pro­du­ti­vi­dade do tra­balho. Mas qual foi o im­pacto da te­oria malthu­siana da su­per­po­pu­lação? Os au­tores des­co­briram que a di­nâ­mica da po­pu­lação malthu­siana era muito lenta: uma du­pli­cação da renda real levou a um au­mento de 6 pontos per­cen­tuais por dé­cada (0,6% ao ano) no cres­ci­mento po­pu­la­ci­onal. Isso im­pli­cava que le­varia 150 anos para que um au­mento na renda real au­men­tasse a po­pu­lação o su­fi­ci­ente para causar uma re­versão no cres­ci­mento da renda.

Mas assim que o ca­pi­ta­lismo entra em cena, a busca pelo lucro por parte dos pro­pri­e­tá­rios de terras e co­mer­ci­antes ca­pi­ta­listas in­cen­tiva o uso de novas téc­nicas e tec­no­lo­gias agrí­colas e a ex­pansão do co­mércio. Em se­guida, o cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade de­cola a uma taxa cada vez mais rá­pida o su­fi­ci­ente para su­perar o lento im­pacto da “su­per­po­pu­lação” malthu­siana. De fato, com o ca­pi­ta­lismo in­dus­trial após 1800, o cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade é 28 vezes maior do que o lento im­pacto ne­ga­tivo do au­mento da po­pu­lação sobre a renda real.

Isso con­firma o ponto de vista de En­gels quando ele es­creveu: “Para nós, o as­sunto é fácil de ex­plicar. O poder pro­du­tivo à dis­po­sição da hu­ma­ni­dade é in­co­men­su­rável. A pro­du­ti­vi­dade do solo pode ser au­men­tada ad in­fi­nitum pela apli­cação de ca­pital, tra­balho e ci­ência”, Um­risse, 1842 https://​www.​lulu.​com/​en/​gb/​shop/​michael-​roberts/​engels-​200/​pap​erba​ck/​product-​y9pzdr.​html?​page=1&​pag​eSiz​e=4

Antes do ca­pi­ta­lismo, as so­ci­e­dades feu­dais tro­pe­çavam com suas eco­no­mias de­vas­tadas por pragas e clima. Por exemplo, a Peste Negra de 1348 en­golfou a so­ci­e­dade in­glesa por mais de um ano, atin­gindo cerca de 25% da po­pu­lação. Du­rante três sé­culos após a Peste Negra, a praga re­a­pa­re­ceria a cada poucas dé­cadas e ex­ter­mi­naria uma par­cela sig­ni­fi­ca­tiva da po­pu­lação a cada vez. Assim, os sa­lá­rios reais na In­gla­terra foram afe­tados prin­ci­pal­mente por essas mu­danças po­pu­la­ci­o­nais e o con­se­quente ta­manho da força de tra­balho (em­bora, como ar­gu­men­tado acima, em um ritmo muito lento).

Mas sob o ca­pi­ta­lismo, a pro­du­ti­vi­dade au­mentou acen­tu­a­da­mente e o nível dos sa­lá­rios reais não foi mais de­ter­mi­nado pelo clima ou pan­de­mias, mas pela luta de classes pela pro­dução e dis­tri­buição do valor e mais-valia criada na pro­dução ca­pi­ta­lista na agri­cul­tura e na in­dús­tria. Uma das ca­rac­te­rís­ticas da as­censão do ca­pi­ta­lismo a partir de 1600 que os au­tores apontam é o au­mento da jor­nada de tra­balho e do ano de tra­balho – outra con­fir­mação da aná­lise de Marx sobre a ex­plo­ração sob o ca­pi­ta­lismo.

Os au­tores ob­servam que, à me­dida que o ca­pi­ta­lismo co­meçou a passar da pro­dução agrí­cola para a in­dús­tria, na se­gunda me­tade do sé­culo 18, os sa­lá­rios reais na In­gla­terra caíram li­gei­ra­mente, apesar do cres­ci­mento subs­tan­cial da pro­du­ti­vi­dade. Eles citam uma ex­pli­cação po­ten­cial, a saber, “Pausa de En­gels”, ou seja, a ideia de que a parte do leão dos ga­nhos da in­dus­tri­a­li­zação ini­cial foi para os ca­pi­ta­listas em opo­sição aos tra­ba­lha­dores.
https://​the​next​rece​ssio​n.​wor​dpre​ss.​com/​2020/​03/​15/​engels-​pause-​and-​the-​con​diti​on-​of-​the-​working-​class-​in-​england/

Os au­tores re­lutam em aceitar que En­gels es­tava certo, pre­fe­rindo uma ex­pli­cação malthu­siana do final do sé­culo 18 (tendo aca­bado de re­jeitá-la). Além disso, eles acham que os sa­lá­rios reais co­me­çaram a crescer já em 1810, antes do pe­ríodo de 1820-1840 ci­tado por En­gels como uma “pausa”. De qual­quer forma, po­demos ver que a la­cuna entre a pro­du­ti­vi­dade e os sa­lá­rios reais au­mentou acen­tu­a­da­mente desde o início do ca­pi­ta­lismo in­dus­trial até agora. A mais-valia (o valor do tra­balho não pago) dis­parou du­rante o início do sé­culo 19.

Mais im­por­tante, o es­tudo re­futa a “in­ter­pre­tação Whig da his­tória”, ou seja, a “ci­vi­li­zação” hu­mana é uma da­quelas de pro­gresso gra­dual com mu­danças pro­ve­ni­entes de ideias mais sá­bias e formas po­lí­ticas cons­truídas por pes­soas in­te­li­gentes. Em vez disso, a evi­dência de cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade na In­gla­terra mostra “mu­danças bruscas e con­si­de­rá­veis no cres­ci­mento médio”, apoi­ando a noção de que “algo mudou”, ou seja, que a tran­sição da es­tag­nação para o cres­ci­mento foi mais do que um pro­cesso es­tável de cres­ci­mento muito gra­du­al­mente au­men­tado. Na in­ter­pre­tação gra­dual do Whig, os au­tores con­cluem que “os re­sul­tados não apoiam essa visão da his­tória” https://​www.​res​earc​hgat​e.​net/​pub​lica​tion/​334​8310​75_​The_​Whig_​int​erpr​etat​ion_​of_​history

Além disso, o es­tudo mostra que, como o cres­ci­mento sus­ten­tado da pro­du­ti­vi­dade co­meçou na In­gla­terra subs­tan­ci­al­mente antes da Re­vo­lução Glo­riosa de 1688, não foi a mu­dança nas ins­ti­tui­ções po­lí­ticas que levou ao cres­ci­mento econô­mico. Pelo con­trário, foi a mu­dança nas re­la­ções econô­micas que levou ao cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade e de­pois à mu­dança po­lí­tica. “Em­bora as mu­danças ins­ti­tu­ci­o­nais as­so­ci­adas à Re­vo­lução Glo­riosa possam muito bem ter sido im­por­tantes para o cres­ci­mento, nossos re­sul­tados con­tra­dizem a visão de que esses eventos pre­ce­deram o início do cres­ci­mento na In­gla­terra”.

Como En­gels co­locou de forma su­cinta: “A con­cepção ma­te­ri­a­lista da his­tória parte da pro­po­sição de que a pro­dução dos meios para sus­tentar a vida hu­mana e, ao lado da pro­dução, a troca das coisas pro­du­zidas, é a base de toda es­tru­tura so­cial; que em todas as so­ci­e­dades que sur­giram na his­tória, a ma­neira como a ri­queza é dis­tri­buída e a so­ci­e­dade di­vi­dida em classes ou or­dens de­pende do que é pro­du­zido, de como é pro­du­zido e de como os pro­dutos são tro­cados. Deste ponto de vista, as causas fi­nais de todas as mu­danças so­ciais e re­vo­lu­ções po­lí­ticas devem ser bus­cadas, não nos cé­re­bros dos ho­mens, não nas me­lhores per­cep­ções dos ho­mens sobre a ver­dade e a jus­tiça eternas, mas nas mu­danças nos modos de pro­dução e troca”.

Os au­tores não podem evitar chegar a uma con­clusão se­me­lhante. Como se cos­tuma dizer: “Marx en­fa­tizou a tran­sição do feu­da­lismo para o ca­pi­ta­lismo. Ele ar­gu­mentou que após o de­sa­pa­re­ci­mento da ser­vidão no sé­culo 14, os cam­po­neses in­gleses foram ex­pulsos de suas terras através do mo­vi­mento de cerco. Essa es­po­li­ação inau­gurou um novo modo de pro­dução: aquele em que os tra­ba­lha­dores não pos­suíam os meios de pro­dução e só po­diam sub­sistir do tra­balho as­sa­la­riado. Esse pro­le­ta­riado es­tava pronto para ser ex­plo­rado por uma nova classe de fa­zen­deiros e in­dus­triais ca­pi­ta­listas. Nesse pro­cesso, as re­vo­lu­ções po­lí­ticas foram um passo de­ci­sivo para ga­rantir a as­censão da bur­guesia. Para triunfar, o ca­pi­ta­lismo pre­ci­sava que­brar as al­gemas re­ma­nes­centes do feu­da­lismo… Nossas des­co­bertas dão algum apoio à visão mar­xista, pois es­ti­mamos que o início do cres­ci­mento pre­cedeu tanto a Re­vo­lução Glo­riosa quanto a Guerra Civil In­glesa (1642-1651). Este mo­mento do início do cres­ci­mento apoia a visão de que a mu­dança econô­mica im­pul­si­onou a his­tória e im­pul­si­onou a mu­dança po­lí­tica e ide­o­ló­gica”.

O de­sen­vol­vi­mento do ca­pi­ta­lismo na agri­cul­tura e no co­mércio lançou as bases para a in­tro­dução da tec­no­logia in­dus­trial que levou à cha­mada re­vo­lução in­dus­trial e ao ca­pi­ta­lismo in­dus­trial. A Re­vo­lução In­dus­trial ocorreu na Grã-Bre­tanha por volta de 1800 porque “a ino­vação era ex­cep­ci­o­nal­mente lu­cra­tiva na­quela época”. À me­dida que os sa­lá­rios reais au­men­tavam, havia um in­cen­tivo para ex­plorar as ma­té­rias-primas ne­ces­sá­rias para tec­no­lo­gias de eco­nomia de tra­balho em têx­teis, como a spin­ning jenny, water frame e mule, bem como tec­no­lo­gias de queima de carvão, como a má­quina a vapor e forno de fun­dição de coque. A pro­du­ti­vi­dade do tra­balho ex­plodiu. Houve um au­mento im­pres­si­o­nante do in­ves­ti­mento em meios de pro­dução em re­lação ao tra­balho. Se­gundo os au­tores, de 1600 a 1860, o es­toque de ca­pital na In­gla­terra cresceu cinco vezes, ou 8% a cada dé­cada.

O ca­pi­ta­lismo in­dus­trial havia che­gado e, junto com o au­mento da pro­du­ti­vi­dade, veio o au­mento da ex­plo­ração do tra­balho e a ide­o­logia da “eco­nomia po­lí­tica” e das ins­ti­tui­ções bur­guesas de go­verno.

Fonte da matéria: https://www.correiocidadania.com.br/2-uncategorised/14635-a-ascensao-do-capitalismo-e-a-produtividade-do-trabalho

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