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O mundo amou, odiou e invejou os EUA. Agora, pela primeira vez, temos pena

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Fintan O’Toole – Trump destruiu o país que prometeu fazer grande outra vez.

O presidente Trump está correndo contra as pesquisa com sua insistência para que os governos estaduais e locais reabram suas economias, em um esforço para conter os danos da contração econômica que, provavelmente, será a pior em 90 anos.

Apesar dos protestos que chamaram a atenção em Michigan e em outros estados, os eleitores disseram, a diferentes pesquisas, que ainda não estão prontos para retomar suas vidas cotidianas enquanto a fúria da pandemia de coronavírus continuar.

Isso aumenta alguns riscos políticos para Trump, que teme que uma economia ruim possa afogá-lo em novembro, mas que pode ser responsabilizado se os estados reabrirem rápido demais e uma nova onda de infecções por COVID-19 atingir o país.

Os pesquisadores constataram repetidamente que os norte-americanos temem que os estados estejam se movendo rapidamente demais no caminho de suspensão das restrições destinadas a conter a propagação do vírus. Temem, ainda, que o governo não esteja fazendo o suficiente para impedir a propagação do vírus e que, mesmo que o país reabra, a grande maioria continuaria limitando seu próprio contato com o resto da sociedade.

Uma pesquisa da Universidade Monmouth, divulgada quarta-feira (6), mostrou que 63% dos norte-americanos temem que os estados suspendam as restrições sobre algumas atividades muito rapidamente, enquanto apenas 29% disseram estar preocupados que os estados não estão se movendo rapidamente o suficiente para levantar essas restrições.

Uma pesquisa da Ipsos realizada para a Reuters na semana passada encontrou que 70% dos adultos dizem estar evitando grandes reuniões de pessoas sempre que possível. O uso regular de máscaras em público tornou-se a escolha pessoal de 55% dos pesquisados, incluindo quase metade dos eleitores republicanos registrados e dois terços dos democratas.

Uma pesquisa da Navigator Research, realizada no final de abril pela empresa democrata Global Strategy Group, descobriu que apenas 16% dos entrevistados se sentiriam confortáveis em ir a um restaurante ou bar, e apenas 10% se sentiriam confortáveis em participar de eventos públicos ou grandes aglomerações.

Nessa pesquisa, mais de três quartos dos eleitores – incluindo dois terços dos republicanos – disseram que se o país reabrisse nas próximas semanas, eles ainda passariam quase todo o tempo em casa, aparecendo em público exclusivamente para atividades essenciais. Sessenta e três por cento disseram estar preocupados com o final prematuro das medidas de distanciamento social, prolongando a pandemia e arriscando vidas e a economia norte-americanas.

Tudo isso sugere que, mesmo que estados e cidades levantem as restrições, quaisquer ganhos econômicos com a reabertura podem ser limitados, embora a permanência das pessoas em casa possa também limitar a expansão da Covid-19.

“Uma reabertura sem considerar a saúde e a segurança públicas não funciona. Os norte-americanos não estarão prontos para retomar suas vidas e a consequente atividade econômica, até sentirem que é seguro fazê-lo”, disse Nick Gourevitch, que conduziu a pesquisa do Navigator.

Apenas 32% dos norte-americanos entrevistados disseram que iriam, com certeza ou provavelmente, aos cultos da igreja, mesmo que fossem levantadas restrições com a recomendação das autoridades de saúde pública, segundo uma pesquisa de rastreamento do Voter Study Group no final de abril. Mais da metade, 57%, iriam jantar na casa de um amigo, mas apenas 26% iriam ao cinema, 22% usariam transporte público e 43% jantariam em um restaurante. Apenas 19% disseram que certamente ou provavelmente participariam de um evento esportivo.

“As sociedades são sistemas complexos que contam com muitas peças interligadas, entre elas a confiança. Atualmente, parece que a maioria dos norte-americanos não se sentem confiantes de fazer muitas das coisas que definiam suas vidas pré-COVID [-19] nos Estados Unidos”, disse Robert Griffin, diretor de pesquisa do Voter Study Group.

Os pesquisadores também descobriram que poucos norte-americanos acham que as ações do governo para combater o surto de coronavírus são muito agressivas. Apenas 11% dos entrevistados disseram aos pesquisadores da Universidade de Suffolk que o governo estava fazendo mais do que era necessário para impedir a propagação do vírus, enquanto 50% disseram que o governo federal não estava fazendo o suficiente. Outro terço disse acreditar que as ações do governo estavam no nível adequado de envolvimento.

As pesquisas mostram que as decisões dos governos estaduais e locais de fechar negócios ou suspender aglomerações são muito populares. Oito em cada dez eleitores afirmam apoiar o fechamento de teatros, bares e restaurantes, segundo a pesquisa de rastreamento do Voter Study Group. A mesma pesquisa constatou que 72% apoiavam as restrições a saídas de casa não essenciais e 79% apoiavam testar a temperatura das pessoas antes de entrarem em prédios públicos.

O ceticismo dos norte-americanos sobre se aventurar em público, mesmo quando alguns estados começam a reabrir suas economias, também é evidente em nível estadual.

Uma pesquisa da Meredith College realizada no mês passado constatou que, se a Carolina do Norte abrisse os negócios amanhã, apenas 29% comeriam em um restaurante e apenas 9% iriam a um bar. Apenas 14% iriam à academia, enquanto 17% iriam ao cinema. Se as escolas reabrissem em meados de maio, cerca de duas vezes mais pais manteriam seus filhos em idade escolar em casa, em comparação com o número que enviaria seus filhos de volta à sala de aula.

No Texas, onde o governador Greg Abbott (Republicano) permitiu que algumas empresas reabrissem com capacidades drasticamente reduzidas, apenas 1 em cada 5 eleitores disseram que se sentiriam confortáveis em assistir a um jogo de futebol americano e menos pessoas ainda disseram que considerariam assistir a jogos de beisebol, basquete ou futebol.

Trump também está vendo um declínio geral no número de americanos que aprovam sua resposta à crise do coronavírus.

Na média de pesquisas da RealClearPolitics, Trump agora está em desvantagem na avaliação de sua condução da crise do coronavírus: 43,9% aprovam o tratamento dado por ele à crise e 52,3% desaprovam.

A pesquisa Reuters-Ipsos mostrou que apenas 42% dos americanos aprovam o trabalho que Trump está fazendo, uma queda de 6 pontos em relação a meados de abril. A pesquisa da Universidade Monmouth também descobriu que 42% disseram que Trump estava indo bem, contra 50% em março; agora, 51% dizem que está fazendo um mau trabalho ao lidar com a crise. Apenas um terço disse aos pesquisadores de Monmouth que as recomendações que Trump deu sobre como prevenir e tratar o coronavírus foi útil, enquanto 42% disseram que seu conselho era prejudicial.

A última pesquisa do Navigator, realizada de 30 de abril a 5 de maio, mostra a aprovação de Trump caindo para 44%, perto da classificação mais baixa que a pesquisa registrou no final do mês passado.

[A pesquisa mais recente da Navigator, entre 1 e 6 maio, revela 56% de desaprovação e 42% de aprovação. Diz a empresa: “a classificação geral de aprovação do desempenho de Trump no governo ficou negativa em dois dígitos na maior parte das últimas três semanas, e hoje ela está de volta a menos 14 pontos.”],

Os norte-americanos ainda apoiam amplamente a maneira como os governos estaduais e outras agências federais, fora da Casa Branca, estão lidando com a crise. Sessenta e três por cento dos norte-americanos disseram que as agências federais de saúde estão fazendo um bom trabalho no combate à crise, e 73% dos eleitores disseram que seus governadores estão fazendo um bom trabalho.

https://www.cartamaior.com.br/?/Especial/A-Pandemia-do-Capitalismo/O-mundo-amou-odiou-e-invejou-os-EUA-Agora-pela-primeira-vez-temos-pena/251/47428

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