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Domenico de Masi afirma que coronavírus revolucionará o modo de vida no mundo

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Redação – “A Itália de onde escrevo, um dos países mais vivazes e alegres do mundo, é hoje apenas um deserto”. Com esta definição, o filósofo italiano Domenico de Masi inicia o artigo “Coronavírus anuncia revolução no modo de vida que conhecemos”, publicado na Folha de São Paulo deste domingo (22), no qual prevê que a atual pandemia causará uma transformação profunda no planeta, nas relações econômicas e sociais.

“Subitamente nos descobrimos frágeis pigmeus diante da onipotência imaterial de um vírus que, por vias misteriosas, escapou de um morcego chinês para vir matar homens ns e mulheres em nossas cidades”.

De Mais também acredita que “os soberanismos parecem tentativas fantasiosas contra a globalização. Hoje, mais do que nunca, a difusão da pandemia e sua rápida volta ao mundo demonstraram que deter a globalização é como se opor à força de gravidade. Nosso planeta já é aquela “aldeia global” da qual falava McLuhan, unida por infortúnios e pela vontade de viver, precisando de uma direção unitária, capaz de coordenar a ação sinérgica de todos os povos que desejam se salvar. Nessa aldeia global, nenhum homem, nenhum país é uma ilha”.

Também foi bem crítico sobre como o modelo neoliberal promove ainda mais caos na sociedade diante de uma situação como a atual. “A propaganda neoliberal, que se alastrou sob a bandeira insana de Reagan e Thatcher, desacreditou tudo o que é público em favor do setor privado. Porém, pelo contrário, nessas semanas trágicas, a reação eficiente dos hospitais e dos funcionários públicos diante do surgimento da pandemia nos ensinou que a nossa saúde pública, da mesma forma que outras funções públicas, dispõe, muito mais do que o setor privado, de pessoas preparadas profissionalmente, motivadas e generosas até o heroísmo”, comenta o filósofo.

Autor de obras como “Ócio Criativo” e “Futuro do Trabalho”, Domenico de Mais comenta as mudanças nas dinâmicas de trabalho que devem surgir a partir das medidas tomadas em diversos países, por causa da pandemia. “Sabíamos teoricamente que essa modalidade de trabalho à distância permite aos trabalhadores uma preciosa economia de tempo, dinheiro, stress e alienação; e às empresas, evita os microconflitos, despesas na manutenção do local de trabalho e promove incremento da eficiência, recuperando de 15 a 20% da produtividade; à coletividade, evita a poluição, o entupimento de trânsito e despesas de manutenção das estradas”, defende o intelectual italiano.

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