Francine Oliveira – Em São Luís do Maranhão, índio tupinambá foi condenado à prisão, torturado e executado.
Entre os índios tupinambá a homossexualidade era prática recorrente. Índio maranhense foi a primeira vítima de homofobia em 1612.
São diversos os relatos sobre a prática homossexual entre índios de diversas tribos, dentre eles os da etnia Tupinambá, que era a mais numerosa a ocupar o litoral brasileiro, do Maranhão até Santa Catarina. O termo geral para designar os homossexuais, no Brasil, era tibira, uma palavra genérica em tupinambá amplamente usada pelo território durante os dois primeiros séculos de colonização. Os tibira eram “praticantes do pecado nefando de sodomia”, segundo escreveu o missionário protestante Jean de Lery em 1557.
Em 1587, Gabriel Soares de Souza descreve o quão luxuriosos eram os tupinambá, polígamos, incestuosos e sodomitas, alguns deles chegando a viver em “tendas públicas”, locais análogos às atuais casas de prostituição.
De acordo com texto do antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, um índio tibira da tribo dos Tupinambá pode ser considerado a primeira vítima de homofobia no Brasil, em 1612. O caso ocorreu com a chegada de uma embarcação francesa que trouxe 4 missionários da Ordem dos Capuchinhos, que se instalaram no litoral maranhense e executaram o índio homossexual poucos meses após desembarcarem.
Com a justificativa de “purificar a terra de suas maldades”, os frades determinaram a busca e captura de índios tibira no Maranhão e um deles, que havia fugido para o mato, foi preso. Esse índio era um dos que oferecia serviços sexuais em “tenda pública” e foi, então, julgado pela Inquisição e condenado à execução.
Frei Yves D’Évreux relata sobre o acontecido: “Terminado o processo e proferida a sentença, cuidou-se em sua alma dizendo-se-lhe, que se ele recebesse o batismo, apesar de sua má vida passada, iria direto para o Céu apenas sua alma se desprendesse do corpo. Acreditou nessas palavras, e pediu o batismo”.
O índio proferiu suas últimas palavras e solicitou tabaco para fumar, último desejo que lhe foi concedido. Continua o frei: “Feito isto, levaram-no para junto da peça montada na muralha do forte de São Luís, junto ao mar, amarraram-no pela cintura à boca da peça, e o Cardo Vermelho lançou fogo à escova, em presença de todos os principais, dos selvagens e dos franceses, e imediatamente a bala dividiu o corpo em duas porções, caindo uma ao pé da muralha, e outra no mar, onde nunca mais foi encontrada”.
http://br.blastingnews.com/cultura/2016/06/primeiro-crime-por-homofobia-no-brasil-aconteceu-em-1612-00990779.html
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