Felipe Germano – Uma pesquisa australiana colocou mais de 11 mil participantes sob uma bateria gigantesca de testes para chegar a essa conclusão.
A última análise foi feita usando uma técnica conhecida como Teste das Modalidades de Dígitos (SDMT). A prova analisa se há alguma disfunção cognitiva ao pedir para o paciente relacionar números com símbolos. Se o 2 é uma lua, por exemplo, ele deve desenhar nosso satélite sempre que o número aparecer.
Por fim, as pessoas testadas também tinham que analisar a frase “Casais homossexuais deveriam ter os mesmos direitos que os heterossexuais”. O objetivo era que elas avaliassem a afirmação em uma escala de 1 a 7. Se discordassem completamente da igualdade, deveriam dar a nota mais baixa; se concordassem 100%, colocavam o sete como resposta.
Os resultados convergiram: os voluntários com as menores notas eram justamente os mais propícios a serem contra as uniões homoafetivas. No outro lado da tabela, a conclusão se reforçava: quanto melhor ia o participante, maiores as chances dele ser a favor dos direitos LGBT. “As descobertas são uma clara evidência de que a habilidade cognitiva [reduzida] é um importante precursor de preconceito contra casais homossexuais”, afirma Francisco Perales, pesquisador da Universidade de Queensland e responsável pelo estudo. “Uma maior cognição nos leva a um menor preconceito”, conclui.
A pesquisa ainda apontou que pessoas contra os direitos homoafetivos eram especialmente mal avaliadas quando suas habilidades verbais que estavam sendo analisadas. Mesmo quando eles levavam em conta a classe econômica dos entrevistados e outros fatores que poderiam afetar o resultado, ainda assim a cognição era uma característica decisiva para o preconceito.
A ideia é que a pesquise ajude governos a compreender como a homofobia se instala na sociedade, para ajudar a estabelecer projetos que protejam as vítimas do preconceito. “Sob essas circunstâncias, entender as influências da discriminação contra casais homossexuais é importante para elaborar estratégias políticas para aproximar a opinião pública e, finalmente, melhorar a vida de um grupo tão vulnerável quanto os LGBT”, afirma Perales. “Os resultados sugerem que estratégias com foco em aumentar a educação da população e melhorar os níveis cognitivos da mesma, podem agir como ação importantes no combate da homofobia”, finaliza.
https://super.abril.com.br/sociedade/homofobia-esta-relacionada-com-problemas-de-cognicao/
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