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Heil, mister president

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Marcelo Rubens Paiva – A saudação nazista reproduzida nas comemorações da eleição de Donald Trump assustou. O que está por vir? Teme-se a aliança de extremistas fanáticos com o grande pedestal do discurso do ódio, que se forma para conduzir a maior economia do planeta, anexada ao monstruoso orçamento militar.

Não existe país em que a extrema-direita é tão enraizada e organizada como os Estados Unidos. Cujo discurso de intolerância racial e religiosa é respaldado por direitos constitucionais.

Seria o capitalismo mostrando suas contradições reprimidas, num tempo em que o racismo e a xenofobia, acreditávamos, não vingariam mais na democracia, na era da tecnologia de informação e na sociedade contemporânea.

Mais de 400 mil soldados americanos morreram na Segunda Guerra. Parte combatendo o nazismo. Porém, se cavucarmos a história, vê-se que a aliança entre capitalistas americanos e nazistas esteve mais próxima do que no campo diplomático.

Americanos acreditavam que aquela era uma guerra dos europeus. E só entraram de vez em combate no dia da infâmia, 7 de dezembro de 1941, o do ataque japonês a Pearl Harbor, mais de dois anos depois de a guerra ter começado.

O comunismo era o maior inimigo das democracias do Ocidente. Muitos diziam que Hitler e a máquina de guerra alemã, que construíra também com dinheiro de americanos, eram os soldados a serem enviados ao front em defesa da propriedade privada, da ordem e do lucro das empresas.

O banco UBC (Union Banking Corporation), da família Bush, enviou a Hitler até 1933 o equivalente a US$ 33 milhões. Dois sobreviventes que fizeram trabalho escravo num campo de concentração para o grupo Thyssen, da indústria de aço, processaram anos depois George W. Bush, neto de Prescott Bush. O avô do ex-presidente americano, diretor do UBC, era sócio de Thyssen.

Prescott Bush foi fundamental para o armamento de Hitler, como a IBM, que na Alemanha virou Deutsche Hollerith Maschinen, foi para o processamento de dados de prisioneiros de campos de concentração.

Banqueiros americanos católicos, evangélicos e até judeus emprestaram bilhões a Hitler e Mussolini, exemplos de líderes que, apesar do totalitarismo, uniam nações e botavam seus operários para trabalhar, reprimindo a ferro ingerências sindicais e ideias marxistas.

Luiz Alberto Moniz Bandeira dedicou um capítulo a esta capotagem da História no novo livro A Desordem Mundial.

O presidente do Chase National Bank, Winthrop Aldrich, e o do National City Bank, Henry Mann, estiveram com Hitler em 1933 e manifestaram o desejo de trabalhar para ele. Lavaram dinheiro para os nazistas. O estado tirânico que surrupia a liberdade de seu povo podia ser benéfico para os interesses do povo americano, o que sempre vem em primeiro lugar.

O poderoso William Hearst, do império de jornais (28), revistas e rádios, também esteve com Hitler em Berlim, escreveu que era um “homem extraordinário” e passou a usar suas prensas para fazer propaganda nazista, já que a Alemanha salvava a Europa do comunismo.

Standard Oil, da família Rockefeller, produziu gasolina e borracha sintética para a máquina de guerra nazista. Mesmo durante a guerra, sua filial suíça negociava petróleo para a Alemanha. Como a Firestone, que vendia pneus clandestinamente através de sua subsidiária sueca.

Ford e General Motors, proprietária da Opel, fabricaram na Alemanha caminhões, minas terrestres, denotadores de torpedos até foguetes balísticos. Henry Ford, pai da indústria moderna de montagem, já era considerado a personalidade antissemita mais famosa, e ganhou a idolatria de Hitler.

Num artigo publicado em 1919, afirmou que os judeus por interesses financeiros foram responsáveis pela eclosão da Primeira Guerra. Lançou o polêmico livro O Judeu Internacional, que acusava os judeus de complô internacional, causa que Hitler abraçou com entusiasmo. Ford foi citado várias vezes por Hitler em Mein Kampf.

Hitler não confiscou nenhuma das duas montadoras americanas. Até exportava seus produtos para a Suécia. Em 30 de julho de 1938, Ford recebeu a Grã-cruz da Ordem da Águia Alemã. E apoiou os nazistas até Pearl Harbor.

Os EUA venceram com a ajuda de ingleses e soviéticos a Alemanha nazista. Mas ditaduras fascistas peculiares permaneceram intocáveis, como Filipinas, Espanha, Portugal. O apoio a regimes totalitários sob as bandeiras de uma direita fascista, que violava princípios básicos dos direitos humanos, virou a regra da política externa americana para o Oriente Médio, América Latina e Pacífico.

Trump é a reafirmação do ideal capitalista e da loirice “pura” daqueles que, acreditam, fizeram a América. Cujo principal lema é: independentemente do certo ou errado, se é bom para o povo americano, é o que deve ser feito.

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