Economia

Seu trabalho pode ser substituído por uma máquina?

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Faz Diferença – Os avanços recentes em inteligência artificial e automação levaram acadêmicos, consultorias e políticos a se perguntarem qual o impacto destas novas tecnologias no mercado de trabalho, e em especial no nível de desemprego e subemprego. Pouco se sabe, porém, sobre este tema no caso brasileiro.

Estudo inédito da Harvard Kennedy School, focado no Brasil, traz resultados alarmantes. Usando metodologia idêntica à adotada em estudos para os EUA e Europa, e combinando com dados da PNAD Contínua, pesquisadores concluíram que os brasileiros estão trabalhando em ocupações com maior risco de serem automatizáveis do que, por exemplo, os americanos. São mais de 44 milhões de brasileiros em ocupações com probabilidade maior de 70% de ser automatizável nos próximos anos.

E, para piorar, no Brasil faz diferença ser jovem, pobre e com baixa escolaridade quando o assunto é risco de desemprego tecnológico. Quanto mais jovem, mais pobre e com menor escolaridade, maiores as chances de estar em uma ocupação que será automatizável nos próximos anos, conforme mostram os gráficos deste post.

Na ausência de políticas públicas que ajustem o sistema educacional e vocacional para preparar as atuais e futuras gerações para as ocupações do futuro, pode-se esperar choques no mercado de trabalho que devem elevar ainda mais a desigualdade de renda brasileira – atualmente já entre as maiores do mundo.

Nota metodológica e íntegra do estudo

Os números, seja para os EUA ou para o Brasil, não indicam qual a chance de a automação ocorrer de fato, já que isso depende de fatores econômicos como custo de mão de obra local. Mas eles indicam a probabilidade de existir capacidade tecnológica nos próximos anos para desempenhar as atividades de cada ocupação sem a intervenção de humanos, seguindo o já célebre artigo de Frey and Osbourne (2013), com impactos relevantes para o mercado de trabalho. A metodologia completa, assim como demais resultados, podem ser conferidos na íntegra do trabalho, disponível, em inglês, no link bit.ly/BrazilAI .

Principais resultados e gráficos do estudo

Nos EUA, 47% das pessoas estão em ocupações que devem se tornar automatizáveis nos próximos anos; no Brasil, a situação é ainda mais disruptiva pois este número atinge 53%, ou mais de 44 milhões de pessoas.

Gráfico 1: Força de trabalho nacional com probabilidade de automatização

As ocupações com mais chances de serem automatizáveis não estão distribuídas igualmente pelo território brasileiro: Rondônia possui pessoas ocupadas em atividades mais suscetíveis a automação, enquanto o Rio de Janeiro e o Distrito Federal possuem menos ocupações nesta situação.

Mapa 1: Risco de automação por Estado (onde o azul mais escuro representa maior risco)

No Brasil, as ocupações mais suscetíveis à automação são aquelas exercidas pelos mais pobres. Os que ganham até 2 salários mínimos estão em ocupações com cerca de 70% de chance de serem automatizáveis, enquanto os que ganham mais de 10 salários mínimos estão em ocupações com risco inferior à 30%.

Gráfico 2: Faixa de renda das ocupações suscetíveis à automação

Os jovens estão em ocupações especialmente suscetíveis a automação: os menores de 22 anos que já trabalham estão em ocupações com mais de 70% de chance de serem automatizáveis. A partir dos 30 anos, prevalecem as ocupações com chance de 60% de serem automatizáveis.

Gráfico 3: Faixa etária das ocupações suscetíveis à automação

Alta escolaridade está associada a ocupações com menores chances de serem automatizáveis. Aqueles com Ensino médio incompleto ou menos anos de escolaridade estão em ocupações com cerca de 70% de chance de serem automatizáveis. Já os com Ensino superior (mais de 15 anos) estão em ocupações com risco inferior a 35%.

Gráfico 4: Escolaridade das ocupações suscetíveis à automação

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