GeografiaInternacional

Sanções e embargo militar contra Israel são cruciais, defende maior coalizão da sociedade civil palestina

Tempo de leitura: 6 min

Duda Blumer – Saleh Al Amer, representante do Comitê Nacional Palestino do Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), reconhece que medidas contra Israel precisam ser tomadas após a urgência do cessar-fogo e ajuda humanitária.

Durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (27/10), Saleh Al Amer, representante do Comitê Nacional Palestino do Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), defendeu que “o embargo militar e de armas é crucial” para encerrar o genocídio que Israel está cometendo contra os palestinos.

“O embargo acontece em toda parte do mundo e faz parte do sistema de direito internacional quando um Estado viola os direitos humanos e para acabar com isso, você precisa acabar com esse apoio”, complementou Al Amer em resposta a Opera Mundi.

O representante do BDS também lembrou que a variação de sanções e boicotes é importante em meio ao apoio que países como os Estados Unidos, França e Reino Unido dedicaram a Israel no que chamam de guerra contra o Hamas. “Eles estão são parte dessa calamidade, desses crimes de lei internacional contra humanidade”, argumentou.

Al Amer ainda lembrou que a ação mais urgente no momento é o cessar-fogo, além da permissão para a ajuda humanitária entrar em Gaza e deixar “as pessoas consigam fôlego para poder enterrar seus mortos, checar as vítimas embaixo dos escombros”.

Os embargos e sanções são nossa prioridade, defende o representante, uma vez que Israel recebe apoio “para continuar com o seu regime de Apartheid e consegue levar adiante o genocídio”.

“Não deixar que eles continuem a receber armas e organizações, sociedades e países não apoiarem esses crimes contra a humanidade” é crucial, finalizou.

Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) – Os embargos e sanções contra Israel são nossa prioridade, defende Saleh Al Amer

Acordos entre Brasil e Israel

Durante a coletiva, a requerente da Frente Parlamentar Mista pelos Direitos do Povo Palestino Fernanda Melchiona (PSOL-RS) e a professora de História Árabe da USP Arlene Clemesha também expuseram posicionamentos sobre a resistência palestina no Brasil e o não-apoio ao genocídio de Israel, em especial após o Comitê Nacional Palestino do BDS exigir que governo do presidente Lula revogue acordos de cooperação militar com Israel, assinadas durante o governo Bolsonaro.

Melchionna classificou como “muito grave” que a Câmara dos Deputados do Brasil tenha aprovado em 18 de outubro acordos de segurança, cooperação e tecnologia militar com Israel.

“Nós já estávamos vivendo 10 dias do massacre, já tínhamos visto o uso de fósforo branco, e desde o primeiro dia o corte da água, luz, eletricidade, entrada de alimentos. Nós já havíamos visto toda uma propaganda para evacuar Gaza, quando na verdade as pessoas estão indo para o Sul, que está sendo bombardeado. Essa barbárie que nós estamos vendo é um crime contra a humanidade. Nesse contexto muito grave e de urgência de mobilização pelo cessar-fogo, esse acordo, o PDL 554, foi votado”.

Segundo a deputada, outros projetos também foram votados, mas que não tratavam necessariamente sobre a indústria bélica.

Por sua vez, Clemesha apontou que apesar de não ter indicações oficiais de um aceno positivo dentro do governo Lula para a revogação dos acordos, “há muita movimentação dentro do Partido dos Trabalhadores que acham essa decisão urgente”.

Na análise da professora, os acordos “sinalizam de maneira contrária o que a política externa do Brasil e o presidente Lula dizem”, em especial após o mandatário reconhecer nesta semana que os ataques do exército israelense equivalem a um genocídio em Gaza.

Em coletiva com jornalistas, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva criticou fortemente as regras que regem o Conselho de Segurança, principal órgão interno da Organização das Nações Unidas.

A principal queixa de Lula foi com respeito ao direito a veto, privilégio que possuem os cinco membros permanentes do Conselho: China, França, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia. Para o presidente brasileiro, “isso não é democrático”.

O mandatário citou como exemplo a resolução apresentada pelo Brasil há 10 dias, defendendo um cessar-fogo e Gaza e o início de negociações de paz, que foi rejeitada apesar de contar com 12 votos a favor (de um total de 15) e apenas um contrário, dos Estados Unidos, um dos países com direito a veto.

O caso realmente exemplifica o funcionamento do Conselho de Segurança, onde contar com a maioria dos votos não é suficiente, já que basta um voto contrário de um membro permanente para ela não ser aprovada. Portanto, a unanimidade entre os cinco integrantes especiais do Conselho é ainda mais importante que o quórum mínimo de metade mais um voto.

“Eu vi uma manchete aqui no jornal dizendo que a proposta do Brasil foi rejeitada. Não é verdade, é mentira. Não foi rejeitada. Tinham 15 votos em jogo, ela teve 12, duas abstenções e um contra. Como ela pode ter sido rejeitada?”, reclamou Lula.


Fim do direito a veto é uma das mudanças que Lula defende no Conselho de Segurança da ONU

O presidente chegou a classificar como “loucura” o direito a veto vigente no Conselho de Segurança. “Ela (a resolução brasileira) foi vetada por causa de uma loucura que é o poder de veto concedido aos cinco países titulares do conselho. Eu sou totalmente, radicalmente contra. Isso não é democrático”.

Resolução rechaçada com um voto contra

A proposta brasileira defendia uma pausa nos bombardeios para viabilizar o acesso humanitário a Gaza, a fim de socorrer os civis. Também condenava expressamente os “odiosos ataques terroristas” do Hamas e ressaltava que “os civis em Israel e no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental, devem ser protegidos, de acordo com a legislação internacional”. Ademais, sugeria a criação de uma mesa de diálogo para negociar um acordo de paz permanente na região.

Nenhum desses argumentos sensibilizou os Estados Unidos, que votaram contra o texto alegando que ele não mencionava “o direito de autodefesa de Israel”. Seu único voto contra impôs o veto e impediu a aprovação da proposta.

Outros dois membros permanentes, Reino Unidos e Rússia, se abstiveram. Essa posição por parte dos membros permanentes não inviabiliza uma eventual aprovação da proposta, caso ela alcance maioria simples no colegiado.

Os 12 votos favoráveis à proposta brasileira incluíram os de dois membros permanente: China e França, além do próprio Brasil, autor do texto e país que exerce a presidência transitória do Conselho atualmente. Os outros nove votos foram de Albânia, Equador, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.

Fonte da matéria: Opera Mundi: Sanções e embargo militar contra Israel são cruciais, defende maior coalizão da sociedade civil palestina – https://operamundi.uol.com.br/guerra-israel-hamas/83594/sancoes-e-embargo-militar-contra-israel-sao-cruciais-defende-maior-coalizao-da-sociedade-civil-palestina

Deixe uma resposta