Maria Júlia Vieira e Renata Buono – Grande parte da população brasileira convive, diariamente, com um sistema de transporte público lento e defasado. Em 2021, a idade média dos ônibus em circulação era de 6 anos, o maior patamar desde o começo da série histórica, em 1995. Somam-se a isso problemas de planejamento urbano, que acarretam trânsito e superlotação nos ônibus e trens. Na cidade do Rio de Janeiro, o tempo médio gasto por viagem no transporte público é de 67 minutos. Caso faça um deslocamento por dia, cinco dias por semana, ao final do ano um carioca terá gasto dez dias se locomovendo. No Recife, um passageiro terá gasto, ao fim do ano, cinco dias apenas esperando pelo transporte público, tamanha a demora com que ele passa. Os dados são do Relatório Global divulgado pelo aplicativo Moovit. Com base nele, o =igualdades desta semana ilustra a situação do transporte público no Brasil.
Dentre as maiores capitais brasileiras, o Rio de Janeiro é a que tem maior tempo de deslocamento no transporte público. Os cariocas gastam, em média, 67 minutos por viagem. São Paulo passa perto: são 62 minutos, em média.
Em Recife, 65% dos passageiros costumam aguardar mais de vinte minutos pelo transporte público (seja ônibus, trem ou outra modalidade). O tempo médio de espera é de 27 minutos. Em Belo Horizonte, são 24 minutos. Em Brasília e Salvador, 23.
De acordo com a Pesquisa Mobilidade Urbana 2022, 25% dos brasileiros que moram em capitais gastam mais de 2 horas do dia no trânsito. O dado considera tanto o transporte público quanto particular. A maioria das pessoas (32%) passa entre uma e duas horas no trânsito; 28% passam entre 30 e 60 min; e apenas 15% ficam até meia hora, diariamente.
Cerca de 12% das viagens de transporte público no Rio de Janeiro são consideradas trajetos longos, em que se gasta duas ou mais horas numa única direção. Em Porto Alegre, viagens assim são apenas 3% do total. O cálculo considera o tempo de caminhada, espera e o deslocamento propriamente dito.
Entre 2020 e 2021, a idade média da frota de ônibus no país aumentou 6,7%, chegando a 6,1 anos. É a maior média em 27 anos. As informações do levantamento foram coletadas em nove capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo o IBGE, 2.073 municípios brasileiros contam com serviço de transporte público. Desse total, somente 44 oferecem passe livre nos ônibus, enquanto 40 oferecem tarifa zero para todo o sistema de transporte. A maioria dessas cidades tem até 100 mil habitantes, salvo raras exceções como Caucaia (CE), cuja população é de mais de 370 mil pessoas.
Das maiores capitais brasileiras, Curitiba é aquela em que usuários de transporte público fazem mais baldeações para chegar ao destino desejado. Um quarto dos curitibanos (27,7%) precisa fazer mais três baldeações ou mais a cada viagem. Em Belo Horizonte, são 13,5%. Porto Alegre é a única cidade brasileira onde mais da metade das viagens (53%) são diretas, sem necessidade de baldeação.
Fonte da matéria: A vida que se perde no transporte público – https://piaui.folha.uol.com.br/vida-que-se-perde-no-transporte-publico/
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