Resenha do Livro “Uma crítica marxista à sociologia” de Caique Sobreira[1]
Débora Rodrigues Santos[2]
O livro de Caique Sobreira tem um objetivo grandioso que demarca o fundamento ontológico da totalidade na produção do conhecimento, provocando o debate crítico sobre os recortes das ciências sociais especializadas. Sua hipótese central consiste em comprovar que o materialismo histórico como complexo teórico não faz parte da Sociologia. Entre muitos argumentos, o autor explicita o método e a centralidade do estudo dos objetos dentro da totalidade. E é nessa perspectiva que expõe os elementos do seu texto, alcançando o objetivo a que se propôs e o fazendo a partir do acervo de Marx e na ontologia do ser social através de Lukács. É interessante relacionar o livro de Caique Sobreira com a obra “A destruição da razão”, de György Lukács.
A partir de Lukács, posso afirmar que este é um livro revolucionário no âmbito do conhecimento, que ele explicita o método e é ancorado na concepção de mundo com seriedade e profundo rigor teórico, sem qualquer posicionamento de uma suposta neutralidade. A base teórica do autor revela a escolha por uma vertente de conhecimento e indica as suas raízes no método do materialismo histórico e do legado de Marx em autores como Lukács.
O caminho escolhido por Sobreira se compromete com a humanidade e com a análise crítica da sociabilidade burguesa. Em tempos de irracionalismo, conservadorismo e tanta barbárie na vida cotidiana, este livro apresenta uma análise sobre a decadência ideológica e o desenvolvimento da fragmentação do saber, ressaltando também a funcionalidade do irracionalismo como ideologia do capital. Caique nos brinda com o debate, a reflexão, a fala sobre a gênese, o desenvolvimento, a função social e os limites das ciências particulares. Sigamos em busca da totalidade, da função social, das articulações entre os complexos sem negar as singularidades para apreender o real. O horizonte da obra de Caique Sobreira é, indubitavelmente, a totalidade na esteira do materialismo histórico-dialético. Ele afirma que a teoria só pode ser crítica e não um fim em si mesma. Este livro, caros/as leitores/as, segue esse percurso na sua constituição. Boa leitura!
[1] Essa resenha está inserida na quarta-capa do livro de Caique Sobreira.
[2] Professora de Serviço Social. Autora da obra “Ética e Serviço Social – um estudo introdutório a partir de Gyorgy Lukács” publicada pela Editora Papel Social.
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