Sociedade

Quando internet vira privilégio

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Eduardo Chaves e Renata Buono – No ano passado, 28 milhões de brasileiros não acessaram a internet – quantidade equivalente à população da Venezuela. Para quase metade destas pessoas, o principal motivo é que não sabiam utilizar a rede, seguido pela falta de interesse e pelo alto preço do serviço. As informações são da Pnad Contínua, que analisou os dados de acesso à tecnologia no quarto trimestre de 2021. Na educação, a internet é um privilégio ainda maior: para cada aluno da rede pública de ensino que acessou a rede pelo computador, havia dois estudantes da rede privada. E o uso desta tecnologia reflete no bolso: a renda de quem vive numa casa com internet é, em média, o dobro de quem não utiliza a rede. O =igualdades desta semana mostra as desigualdades no acesso à internet no Brasil.

No Brasil, o acesso a internet ainda não é para todos: no ano passado, cerca de 28 milhões de brasileiros acima de 10 anos não usaram a rede. Quantidade é equivalente à população da Venezuela – aproximadamente 28,7 milhões de habitantes.

No ano passado, quase metade (42%) das pessoas acima de 10 anos que não acessaram a internet disseram que não sabiam usar a tecnologia. O segundo motivo mais comentado pelos brasileiros foi a falta de interesse (28%). Representando 14% das respostas, o alto custo do serviço fecha o pódio.

Mais conectado, mais dinheiro: o rendimento real médio per capita de quem vive numa casa com internet totalizou R$ 1,5 mil em 2021. Por outro lado, quem não teve acesso à tecnologia recebeu a metade da grana: média de R$ 795.

Em 2021, havia dois estudantes da rede privada que acessaram a internet pelo computador para cada aluno da rede pública de ensino. No ano passado, cerca de 80% dos alunos do ensino particular puderam usar a rede através de computadores; no ensino público, apenas 38% dos estudantes.

A região Norte apresentou a maior disparidade entre alunos das redes privada e pública de ensino. No ano de 2021, 92% dos estudantes do sistema particular tinham celular próprio. Já na rede pública, privilégio chegou a somente um pouco mais da metade (56%) dos alunos.

Com o isolamento social causado pela pandemia, aumentaram as conversas no meio digital. Neste período, o uso da internet por idosos cresceu quase um terço. Em 2019, antes da Covid, 45% dos brasileiros acima de 60 anos utilizavam a rede; dois anos depois, quantidade chegou a 57%.

Mais da metade das crianças entre 10 e 13 anos já tem celular próprio. Há três anos, em 2019, 47% dos jovens desta faixa etária tinham telefone móvel para uso pessoal. Dois anos depois, em 2021, um novo recorde: 51% delas têm o seu próprio aparelho.

Fonte: Pnad Contínua; Banco Mundial

Fonte da matéria: Quando internet vira privilégio – https://piaui.folha.uol.com.br/quando-internet-vira-privilegio/

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