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Robôs e Inteligência Artificial: Utopia ou Distopia?

Tempo de leitura: 37 min

Michael Roberts – “Diz muito sobre o momento atual que enquanto encaramos um futuro que pode se assemelhar ou com uma distopia hiper-capitalista ou com um paraíso socialista, a segunda opção não seja nem mencionada.”

Pós-Capitalismo?

Fiz um post recente [1] sobre o novo livro de Paul Mason, ‘Pós-Capitalismo’, que defende que a internet, a automação, robôs e inteligência artificial estão criando uma nova economia que não poderia ser controlada pelo capitalismo. De acordo com Mason, novas forças estão trabalhando que estão substituindo a velha luta de classes entre o Capital e o proletariado, como Marx via, por uma rede de comunidades. Tecnologia e interação em rede levariam a um mundo pós-capitalista (socialista?) que não poderia ser parado.

Eu discordo que a nova tecnologia substituiria “velhas formas” de luta de classe ou, de fato, que crises econômicas regulares e recorrentes sob o capitalismo se dissipariam rumo a um dia de trabalho curto e de alta produtividade, enquanto o capitalismo ‘definharia’.

Mas este debate me encorajou a fazer algo com que venho querendo lidar em mais detalhes faz algum tempo. A saber, quais são as implicações destas novas tecnologias para o capitalismo? Em particular, robôs e inteligência artificial estão a caminho de tomar o mundo do trabalho e, portanto, a economia na próxima geração? E o que isso significa para empregos e para os padrões de vida das pessoas? Isso vai significar uma utopia socialista dentro do nosso tempo de vida (o fim da labuta humana e uma sociedade harmoniosa de superabundância) ou uma distopia capitalista (crises mais intensas e conflito de classes)? [2]

Robôs e IA

É um tema e tanto. Então primeiro deixe-me estabelecer algumas definições. Por ‘robôs’, entendo máquinas que podem substituir trabalho humano através do uso de programas de computador que direcionam os movimentos de partes da máquina para realizar tarefas, tanto simples quanto de complexidade crescente. A Federação Internacional de Robótica (IFR, na sigla em inglês [3]) considera uma máquina como sendo um ‘robô industrial’ se ela puder ser programada para realizar tarefas físicas relacionadas com produção sem a necessidade de um controlador humano. Robôs Industriais aumentam dramaticamente o escopo para a substituição de trabalho humano comparado com tipos mais antigos de máquinas, já que reduzem a necessidade de intervenção humana em processos automatizados. Aplicações típicas para robôs industriais incluem montagem, distribuição, manuseio, processamento (por exemplo, corte), e soldagem – todos os quais são prevalecentes em indústrias de manufatura – assim como na colheita (na agricultura) e inspeção de equipamento e estruturas (comum em centrais elétricas).

Robótica industrial tem o potencial de mudar a manufatura ao elevar a precisão e a produtividade sem incorrer em custos maiores. A impressão 3D [4] poderia gerar um novo ecossistema de companhias fornecendo padrões imprimíveis na internet, tornando produtos cotidianos infinitamente customizáveis. A assim-chamada “Internet das Coisas” [5] oferece a possibilidade de conectar máquinas e equipamento entre si e a redes comuns, permitindo que instalações de produção sejam completamente monitoradas e operadas remotamente. Na área de Saúde e de ciências da vida, a tomada de decisões baseada em dados, que permite a coleta e análise de conjuntos de dados enormes, já está transformando a pesquisa & desenvolvimento, os cuidados clínicos, a prevenção e o marketing. O uso de “big data” [6] na saúde tem levado a tratamentos e remédios altamente personalizados. O setor de infraestrutura, que não teve ganhos de produtividade nos últimos 20 anos, poderia ser grandemente melhorados por, por exemplo, a criação de Sistemas de Transporte Inteligentes [7], que poderiam elevar massivamente a utilização de ativos; a introdução de Redes Elétricas Inteligentes [8], que poderiam ajudar a economizar nos custos de infraestrutura de energia e reduzir as possibilidades de interrupções custosas; e administração de demanda eficiente, que poderia diminuir dramaticamente o uso de energia per-capita.

Quais destas tecnologias emergentes tem o maior potencial para conduzir melhorias na produtividade? O Instituto Global McKinsey (MGI, na sigla em inglês [9]) considera que “tecnologias que importam” são tecnologias que tem o maior potencial para gerar impacto econômico substancial e uma ruptura na próxima década. Aquelas que entram na lista deles estão avançando rápido (por exemplo, a tecnologia de sequenciamento genético); tem um alcance amplo (por exemplo, internet mobile); tem o potencial de criar um impacto econômico (por exemplo, robótica avançada) e tem o potencial de mudar o status quo (por exemplo, tecnologia de armazenamento de energia). O MGI estima que o impacto econômico destas tecnologias – derivado das quedas em seus preços, sua difusão e eficiência melhorada – será entre $14 e $33 trilhões por ano em 2025, liderados pela internet mobile, a automação do trabalho de conhecimento, a internet das coisas e a tecnologia de nuvem [10].

John Lanchester resumiu tudo isso em um ensaio brilhante [11]:

“Os computadores se tornaram dramaticamente mais poderosos e tão baratos que são efetivamente ubíquos [estão em todos os lugares]. O mesmo se deu com os sensores que eles usam para monitorar o mundo físico. Os programas que eles rodam têm melhorado dramaticamente também. Nós estamos, Brynjolfsson e McAfee defendem [12], à beira de uma nova revolução industrial, uma que terá tanto impacto sobre o mundo como a primeira. Categorias inteiras de trabalho serão transformadas pelo poder da computação, e em particular o impacto dos robôs.”

Por ‘inteligência artificial’ (IA), se entende máquinas que não apenas executam instruções pré-programadas, mas que aprendem novos programas e instruções através da experiência e de novas situações. IA significa de fato robôs que aprendem e que melhoram a sua inteligência [13]. Isso pode chegar ao ponto onde robôs possam fazer mais robôs com inteligência melhorada. De fato, alguns argumentam que a IA em breve ultrapassará a inteligência de seres humanos. Isto é chamado de ‘singularidade’ – o momento em que os seres humanos não serão mais as coisas mais inteligentes sobre o planeta. Além do mais, robôs poderiam até mesmo desenvolver sentidos e formas de seres humanos, sendo assim ‘sencientes’.

Empregos, produtividade e impactos econômicos

Mas antes de entrarmos em Ciência (ou Ficção Científica?), consideremos algumas coisas primeiro. Se robôs e IA estão rápido à caminho, isso vai significar uma tremenda perda de empregos [14] ou, alternativamente, novos setores de emprego e a necessidade de horas de trabalho mais curtas? [15]

Em um trabalho recente, Graetz e Michaels [16] observaram 14 indústrias (principalmente de manufatura, mas também agricultura e serviços) em 17 países desenvolvidos (incluindo países europeus, Austrália, Coreia do Sul e os EUA). Eles notaram que robôs industriais elevam a produtividade dos trabalhadores, a produtividade total dos fatores [17] e salários. Ao mesmo tempo, enquanto robôs industriais não tiveram efeito significante sobre o total de horas trabalhadas, há alguma evidência de que eles reduziram o emprego de trabalhadores de baixa qualificação e, em menor grau, também de trabalhadores de qualificação média. [18]

Então, em essência, os robôs não reduziram a labuta (em horas de trabalho) para aqueles que tinham emprego, pelo contrário. Mas eles levaram a uma perda de empregos para os sem qualificação e mesmo para aqueles com alguma qualificação. Então, mais trabalho, não menos horas; e mais desemprego.

Dois economistas de Oxford, Carl Benedikt Frey e Michael Osborne [19], investigaram o provável impacto da mudança tecnológica em uma gama enorme de 702 ocupações, desde podólogos até guias turísticos, treinadores de animais, consultores de finanças pessoais e lixadores de pisos. Suas conclusões foram apavorantes:

“De acordo com nossas estimativas, cerca de 47% do total de empregos nos EUA está em risco. Nós fornecemos mais evidências de que salários e realização educacional exibem uma forte relação inversamente proporcional com a probabilidade de computerização de uma ocupação. Ao invés de reduzir a demanda por ocupações de renda-média, o que tem sido o padrão em décadas passadas, nosso modelo prediz que a computerização vai principalmente substituir empregos de baixa qualificação e baixos salários no futuro próximo. Por contraste, ocupações de alta qualificação e salários são as menos suscetíveis para o capital computadorizado.”

Lanchester resumiu as conclusões deles: “Então os pobres serão prejudicados, a classe média vai se sair um pouco melhor do que tem estado, e os ricos – surpresa! – vão se dar bem.”

Lanchester aponta em seu ensaio que o mundo robótico poderia levar, não a uma utopia ‘pós-capitalista’ mas, ao invés, a um “Mundo de Piketty” [20] “em que o capital é cada vez mais triunfante sobre os trabalhadores.” E ele cita os tremendos lucros que as grandes empresas tecnológicas estão recebendo:

“Nos anos 60, a empresa de maior lucratividade na maior economia do mundo era a General Motors. Em dinheiro atual, a GM lucrou $7.6 bilhões naquele ano. Ela também empregou 600.000 pessoas. A empresa de maior lucratividade de hoje emprega 92.600. Então, onde 600.000 trabalhadores uma vez geraram $7.6 bilhões em lucros, agora 92.600 geram $89.9 bilhões, um acréscimo em lucratividade por trabalhador de 76.65 vezes. Lembrando que isso é o lucro puro para os proprietários da empresa, depois que todos os trabalhadores foram pagos. O Capital não está simplesmente vencendo contra os trabalhadores: nem há competição. Se fosse uma partida de box, o árbitro pararia a luta.”

Mas olhar para os lucros das empresas que têm tomado o valor criado pelo trabalho nos novos setores não é necessariamente um guia para a saúde do Capital como um todo. O Capitalismo como um todo está tendo uma nova concessão de vida como resultado? Afinal de contas, o crescimento geral do investimento está muito baixo na longa depressão atual e o crescimento da produtividade, como um resultado, também. Veja meus posts sobre produtividade e investimento. [21]

A contradição fundamental da produtividade

Os robôs não somem com as contradições dentro da acumulação capitalista. A essência da acumulação capitalista é que para aumentar os lucros e acumular mais capital, os capitalistas querem introduzir máquinas que podem impulsionar a produtividade de cada empregado e reduzir custos em comparação com os competidores. Este é o grande papel revolucionário do capitalismo no desenvolvimento das forças produtivas disponíveis para a sociedade.

Mas há uma contradição. Ao tentar elevar a produtividade do trabalho com a introdução de tecnologia, há um processo de cortes nos trabalhadores. Novas tecnologias substituem trabalhadores. Sim, uma produtividade mais elevada pode levar a uma produção mais elevada e abrir novos setores para compensar os empregos. Mas com o tempo, um viés de capital ou corte de trabalhadores significa menos novo valor sendo criado (já que o trabalho é a única forma de valor) em relação ao custo do capital investido. Há uma tendência para a lucratividade cair enquanto a produtividade cresce. Por sua vez, isso leva eventualmente a uma crise na produção que trava ou mesmo reverte o ganho na produção derivado de nova tecnologia. Isto se dá unicamente por que investimento e produção dependem da lucratividade do capital em nosso modo de produção moderno.

Portanto, uma economia cada vez mais dominada pela internet das coisas e robôs, sob o capitalismo, significará crises mais intensas e desigualdade maior ao invés de super-abundância e prosperidade.

Robôs, IA e a lei do valor em Marx

Consideremos o impacto dos robôs e da IA vistos pelo prisma da lei do valor [22] sob o capitalismo, de Marx. Há duas premissas chave que Marx estabelece para explicar as leis de movimento sob o capitalismo: 1) que apenas trabalho humano cria valor e 2) que através do tempo, o investimento de capitalistas em tecnologia e meios de produção ultrapassará o investimento no poder de trabalho humano – para usar a terminologia de Marx, haverá um crescimento na composição orgânica do capital através do tempo. [23]

Não há espaço aqui para fornecer a evidência empírica para esta última afirmação. Mas você pode encontrá-la aqui no blog. [24] Marx explicou em detalhes n’O Capital que uma composição orgânica de capital crescente é uma das características principais na acumulação capitalista. Investimento sob o capitalismo acontece apenas para o lucro, não para aumentar a produção ou a produtividade, como tal. Se o lucro não pode ser elevado suficientemente através de mais horas trabalhadas (i.e. mais trabalhadores e dias de trabalho mais longos) ou intensificando os esforços (velocidade e eficiência – tempo e movimento [25]), então a produtividade do trabalho (mais valor por hora de trabalho) só pode ser aumentada através de tecnologias melhores. Assim, em termos marxistas, a composição orgânica de capital (a quantidade de maquinário e instalações em relação ao número de trabalhadores) vai crescer com o tempo. Os trabalhadores podem lutar para manter para si o máximo do novo valor que eles criaram como parte de sua “compensação”, mas o capitalista só investirá para crescer se aquela parcela de salários não crescer tanto que faça a lucratividade declinar. Portanto, a acumulação capitalista implica uma parcela em queda para o trabalho com o passar do tempo, ou o que Marx chamaria de taxa de exploração crescente (ou mais-valia).

O “viés-de-capital” da tecnologia é algo continuamente ignorado pelos economistas da linha dominante. Mas como Branco Milanovic apontou [26], mesmo as teorias econômicas dominantes poderiam conter este processo secular sob a acumulação capitalista. Como Milanovic coloca:

“Em Marx, a premissa é que processos mais intensivos em capital são sempre mais produtivos. Então, os capitalistas tendem a empilhar mais e mais capital e substituir trabalho… Isso, na teoria marxista, significa que há cada vez menos trabalhadores que obviamente produzem menos mais-valia (absoluta) e esta mais-valia menor sobre uma massa de capital maior significa que a taxa de lucros cai. …

O resultado é idêntico se nós colocarmos este processo marxista no esquema teórico neoclássico e assumirmos que a elasticidade [27] de substituição é menor do que 1. Então, simplesmente, ‘r’ dispara para baixo em cada rodada sucessiva de investimentos intensivos em capital até que praticamente atinge zero. Como Marx escreve, cada capitalista individual tem um interesse em investir em processos mais intensivos em capital para vender mais barato que outros capitalistas, mas quando eles todos fazem isso, a taxa de lucros cai para todos. Eles portanto trabalham, em última análise, para dirigir a si mesmos “para fora dos negócios” (mais exatamente, eles dirigem a si mesmos para uma taxa 0 de lucro ).”

Milanovic então considera a tecnologia robótica:

“A renda líquida, no equilíbrio marxista, será baixa porque apenas trabalho produz “novo valor” e como muito poucos trabalhadores serão empregados, o “novo valor” será baixo (independente de quão alto os capitalistas tentarem levar a taxa de mais-valia). Para visualizar o equilíbrio marxista, imagine milhares de robôs trabalhando em uma grande fábrica com apenas um trabalhador os verificando, e com a vida útil dos robôs sendo de um ano, fazendo com que seja necessário substituir robôs continuamente e, assim, arcar com custos enormes de depreciação e reinvestimento todo ano. A composição do PIB será interessante. Se o total do PIB for de 100, poderíamos ter consumo=5, investimento líquido=5 e depreciação=90. Você viveria em um país com o PIB per capita de $500.000 mas $450.000 seria de depreciação.”

Isso coloca a contradição principal da produção capitalista: aumentar a produtividade leva à queda da lucratividade, que periodicamente pára a produção e o crescimento da produtividade. Mas o que isso tudo significa se nós entrarmos no futuro extremo (ficção científica?) onde a tecnologia robótica e a IA levam a robôs fazendo robôs E robôs extraindo matérias-primas e fabricando tudo E executando todos os serviços pessoais e públicos, fazendo com que o trabalho humano não seja mais exigido para NENHUMA tarefa de produção, absolutamente?

Vamos imaginar um processo totalmente automatizado onde nenhum humano existisse na produção. Certamente valor foi adicionado pela conversão de matérias-primas em produtos sem humanos, certo? Certamente, isso refuta a afirmação de Marx de que apenas trabalho humano pode criar valor, certo?

Mas isso confunde a natureza dupla do valor sob o capitalismo: valor de uso e valor de troca. Existe o valor de uso (coisas e serviços de que as pessoas precisam); e o valor de troca (o valor medido em tempo de trabalho e apropriado do trabalho humano pelos proprietários do capital e realizado na venda no mercado). Em cada mercadoria sob o modo de produção capitalista, existem tanto valor de uso e valor de troca. Você não pode ter um sem o outro sob o capitalismo. Mas o segundo governa o investimento e o processo de produção capitalistas, não o primeiro.

valor (como definido) é específico ao capitalismo. Claro, o trabalho vivo pode criar coisas e realizar serviços (valores de uso). Mas o valor é a substância do modo capitalista de produzir coisas. O Capital (os proprietários) controlam os meios de produção criados pelos trabalhadores e só os colocarão em uso para se apropriar de valor criado pelo trabalho. Capital não cria valor por si mesmo.

Mas em nosso mundo hipotético de robôs/IA englobando tudo, a produtividade (de valores de uso) tenderia ao infinito enquanto a lucratividade (relação de mais valia para o valor em capital) tenderia a zero. Trabalho humano não seria empregado e explorado pelo Capital (proprietários). Ao invés disso, robôs fariam tudo. Isso não é mais capitalismo. Penso que a analogia é mais com a economia de escravos como na Roma Antiga. [28]

Roma Antiga e Elysium

Na Roma antiga, ao longo de centenas de anos, a antiga economia predominantemente camponesa e de pequena extensão foi substituída por escravos na mineração, na lavoura e em todo tipo de outras tarefas. Isso aconteceu por que a pilhagem do sucesso nas guerras que a República e o Império Romano conduziram incluia uma oferta massiva de trabalho escravo. O custo destes escravos para os proprietários era incrivelmente barato (para começar) comparado com o emprego de mão-de-obra livre. Os proprietários de escravos expulsaram os camponeses de suas terras através de uma combinação de dívidas, requisição em guerras e violência pura. Os antigos camponeses e suas famílias foram forçados à escravidão ou rumo às cidades, onde eles mal sobreviviam com tarefas domésticas, servis ou mendigavam. A luta de classes não acabou. A luta era entre aristocratas proprietários de escravos e os escravos, e entre os aristocratas e as plebes atomizadas nas cidades.

Uma ficção científica moderna pode ser encontrada no recente filme “Elysium”, onde os proprietários de robôs e da tecnologia moderna construíram para si um planeta espacial completo separado da Terra. Lá eles vivem vidas de luxúria com as coisas e serviços fornecidos por robôs e defendem suas vidas separadas com seus exércitos robôs. [29] O resto da raça humana vive na Terra em um estado terrível de pobreza, doença e miséria – uma pauperização da classe trabalhadora, que não trabalha mais para viver.

No mundo de Elysium, a questão permaneceria: a quem pertenceriam os meios de produção? Em um planeta completamente automatizado, como os bens e serviços produzidos por robôs seriam distribuídos a fim de serem consumidos? Isso dependeria de a quem pertenceriam os robôs, os meios de produção. Suponha que existem 100 caras sortudos no planeta operado por robôs. Um deles poderia ter os melhores robôs e então se apropriar de todo o produto. Por que ele deveria compartilhar isso com os outros 99? Eles serão enviados de volta para a Terra. Ou eles podem não gostar disso e lutar pela apropriação de alguns dos robôs. E então, como Marx colocou certa vez, ‘a merda toda começa novamente’ [30], mas com uma diferença.

A luta de classes e a economia robótica

Tudo dependerá de como a humanidade chegaria a uma sociedade completamente automatizada. Na base de uma revolução socialista e da propriedade comum, o produto gerado pelos robôs pode ser controlado e distribuido de cada um de acordo com suas necessidades. Se a sociedade operar na base de uma continuação da propriedade privada dos robôs, então a luta de classes pelo controle do excedente continua. [31]

A questões colocadas neste ponto são: quem são os donos dos robôs e de seus produtos e serviços, e eles serão vendidos para lucrar? Se os trabalhadores não estiverem trabalhando e recebendo nenhuma renda, então certamente existirá uma super-produção massiva e um subconsumo? Então, em última análise, será o subconsumo das massas que trará o capitalismo abaixo?

Novamente, acho que isso é um mau entendido. Uma tal economia robótica não é mais capitalista; é mais como uma economia escravagista. Os donos dos meios de produção (robôs) agora têm uma economia super-abundante de coisas e serviços à custo zero (robôs fazendo robôs fazendo robôs). Os donos podem apenas consumir. Eles não precisam ter “um lucro”, assim como o aristocrata senhor de escravos em Roma apenas consumia e não geria um negócio para lucrar. Isso não gera uma crise de superprodução em um sentido capitalista (relativo ao lucro) nem um ‘subconsumo’ (falta de poder de compra ou demanda efetiva para os bens no mercado), exceto no sentido físico de pobreza.

Os economistas hegemônicos [32] continuam a ver a ascensão dos robôs sob o capitalismo como criando uma crise de subconsumo. Como Jeffrey Sachs coloca [33]: “Onde vejo o problema em um nível generalizado para a sociedade como um todo é que se humanos forem feitos redundantes em escala industrial (fala-se de 47% nos EUA) então onde estará o mercado para os bens?” Ou como o colunista do Financial Times Martin Ford coloca [34]: “Não dá para imaginar como o setor privado poderia solucionar este problema. Simplesmente não há alternativa real exceto o governo fornecer algum tipo de mecanismo de renda para os consumidores”. Ford não propões socialismo, é claro, mas meramente um mecanismo para redirecionar salários perdidos de volta para os ‘consumidores’, mas um tal esquema ameaçaria propriedade privada e lucro.

Uma economia robótica poderia significar um mundo super-abundante para todos (‘pós-capitalismo’ como Paul Mason sugere [35]); ou poderia significar Elysium. Martin Wolf [36] coloca desta forma: “A ascensão de máquinas inteligentes é um momento histórico. Vai mudar muitas coisas, incluindo nossa economia. Mas seu potencial está claro: elas tornarão possível para os seres humanos desfrutar de vidas muito melhores. Se elas terminarão fazendo isso depende de como os vantagens serão produzidas e distribuídas. É possível que o resultado final seja uma pequena minoria de vencedores enormes e um vasto número de perdedores. Mas um tal resultado seria uma escolha, não um destino. Uma forma de tecno-feudalismo é desnecessária. Acima de tudo, a tecnologia por si mesma não dita os resultados [37]. Instituições econômicas e políticas o fazem. Se aquelas que nós temos não entregam os resultados que queremos, precisamos mudá-las”. É uma ‘escolha’ social ou, mais precisamente, depende do resultado da luta de classes sob o capitalismo.

John Lanchester [38] vai mais ao ponto:

“Também vale a pena notar o que não está sendo dito sobre o futuro robotizado. O cenário que nos dão – aquele feito para sentirmos como inevitável – é de uma distopia hiper-capitalista. Há o Capital, se dando melhor do que nunca; os robôs, fazendo todo o trabalho; e a grande massa da humanidade, não fazendo muito, mas se divertindo com seus dispositivos eletrônicos… Existe uma alternativa possível, entretanto, em que a propriedade e o controle dos robôs está desconectada do Capital em sua forma atual. Os robôs libertam a maioria da humanidade do trabalho, e todo mundo se beneficia dos rendimentos: não precisamos trabalhar em fábricas, descer em minas, limpar banheiros ou dirigir caminhões por longas distâncias, mas podemos coreografar, tecer, jardinar, contar histórias, inventar coisas e começar a criar um novo universo de desejos. Este seria o mundo de desejos ilimitados descrito pela economia, mas com uma distinção entre as vontades satisfeitas por humanos e o trabalho feito por nossas máquinas. Me parece que a única maneira desse mundo funcionar seria com formas alternativas de propriedade. A razão, a única razão, para pensar que este mundo melhor é possível é que o futuro distópico de capitalismo-mais-robôs pode se provar muito desagradável para ser politicamente viável [39]. Este futuro alternativo seria o tipo de mundo sonhado por William Morris [40], cheio de humanos ocupados em trabalhos cheios de sentido e saudavelmente remunerados. Exceto que adicionando robôs. Diz muito sobre o momento atual que enquanto encaramos um futuro que pode se assemelhar ou com uma distopia hiper-capitalista ou com um paraíso socialista, a segunda opção não seja nem mencionada.

Mas o capitalismo nos levaria até lá?

Mas voltemos para o aqui e agora. Se o mundo todo de tecnologia, produtos de consumo e serviços pudesse se reproduzir sozinho, sem trabalhadores vivos indo trabalhar, e pudesse fazê-lo através de robôs, então coisas e serviços seriam produzidos, mas não haveria a criação de valor (em particular, lucro ou valor excedente). Como Martin Ford coloca: “quanto mais máquinas começam a funcionar sozinhas, mais o valor que o trabalhador médio adiciona declina.” Então a acumulação sob o capitalismo cessaria antes dos robôs assumirem completamente, por que a lucratividade desapareceria sob o peso do “viés-de-capital”.

A mais importante lei de movimento sob o capitalismo, como Marx a chamou, estaria em operação, à saber, a tendência de queda da taxa de lucro. Enquanto a tecnologia com “viés-de-capital” se desenvolve, a composição orgânica do capital também subiria e, portanto, o trabalho assalariado eventualmente criaria valor insuficiente para sustentar a lucratividade (i.e. mais-valia em relação a todos os custos de capital). Nós nunca chegaríamos a uma sociedade robótica; nunca chegaríamos a uma sociedade sem trabalho – não sob o capitalismo. Crises e explosões sociais interviriam bem antes disso.

E esse é o ponto chave.

Eles estão chegando?

A verdade é que o uso de robôs está crescendo rápido. O nível de uso robótico quase dobrou nas economias capitalistas centrais na última década. Japão e Coreia do Sul têm a maior taxa de robôs por empregado na manufatura, mais de 300 por 10.000 empregados, com a Alemanha seguindo, na faixa de 250 por 10.000 empregados. Os EUA têm menos da metade dos robôs por 10.000 funcionários, se comparado com o Japão e a Coreia. A taxa de adoção de robôs subiu neste período em torno de 40% no Brasil, 210% na China, 11% na Alemanha, 57% na Coreia e 41% nos EUA.

Este desenvolvimento tem sido chamado uma ‘segunda onda de automação’, uma centrada em cognição artificial, sensores baratos, aprendizado de máquina e inteligência distribuída [41]. Esta automação profunda tocará todos os empregos, desde o trabalho manual até o trabalho intelectual. E está reduzindo o emprego, assim como fez a mecanização sob revoluções industriais anteriores.

Andrew McAfee, o co-autor com seu colega de MIT Erik Brynjolfsson de ‘The Second Machine Age’ [‘A Segunda Era das Máquinas’], tem sido uma das figuras mais proeminentes descrevendo a possibilidade de uma “economia de ficção-científica” em que a proliferação de máquinas espertas eliminam a necessidade de muitos empregos. (ver a “Carta Aberta Sobre Economia Digital” [42], em que McAfee, Brynjolfsson e outros propõem uma nova abordagem para a adaptação às mudanças tecnológicas.) Tal transformação traria benefícios sociais e econômicos imensos, ele diz, mas também poderia significar uma economia “leve em empregos”.

Hod Lipson [43] diz:

“mais e mais automação guiada por computador está rastejando para dentro de tudo, desde manufatura até a tomada de decisão”. O proeminente economista da Universidade Columbia Jeffrey Sachs recentemente previu que robôs e automação em breve tomarão o Starbucks. [44] Mas há boas razões para acreditar que Sachs e outros podem estar errados. O sucesso do Starbucks nunca foi sobre conseguir café mais barato ou mais eficientemente. Consumidores muitas vezes preferem pessoas e os serviços que humanos fornecem. Tome como exemplo as imensamente populares lojas da Apple, diz Tim O’Reilly, fundador da O’Reilly Media. Contando com enxames incontáveis de funcionários armados com iPads e iPhones, as lojas fornecem uma alternativa atraente a um futuro de varejo-robótico; elas sugerem que automatizar serviços não é necessariamente o fim do jogo da tecnologia atual. “É mesmo verdade que a tecnologia vai tomar uma classe [45] de empregos,” diz O’Reilly. “Mas há uma escolha em como usaremos essa tecnologia.”

E quão perto os robôs e a IA estão de fazer todo o trabalho humano? Pesquisadores de IA têm apontado que as tarefas mais simples para humanos, como alcançar um bolso para pegar uma moeda, são as mais desafiadoras para máquinas. Por exemplo, o robô Roomba [46], da IRobot, é autônomo, mas a tarefa de aspiração que ele executa ao vagar pelos cômodos é extremamente simples. Como contraste, o Packbot [47], da mesma companhia, é mais caro e projetado para desarmar bombas, mas precisa ser tele-operado ou controlado à distância por pessoas.

A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA, na sigla original em Inglês [48]), um braço de pesquisa do Pentágono, apresentou uma competição de desafio robótico [49] em Pomona, na California. Havia um prêmio de $2 milhões para o robô que se saísse melhor em uma série de tarefas de resgate em menos de uma hora. Em um desafio anterior [50] na Flórida em dezembro de 2013, os robôs, que estavam protegidos para não cair por amarras, foram glacialmente lentos ao executar tarefas como abrir portas e entrar em salas, limpar detritos, subir escadas e passar por um caminho com obstáculos. (Os robôs tiveram de ser colocados nos veículos por inspetores humanos.) Repórteres que cobriram o evento recorreram a analogias tais como “assistir uma pintura secar” e “assistir o mato crescer.”

Desta vez, os robôs tinham uma hora para completar um conjunto de oito tarefas que tomariam provavelmente menos de 10 minutos para um humano. E os robôs falharam em muitas. A maioria dos robôs tinha duas pernas, mas muitos tinham quatro, ou rodas, ou ambos. Mas nenhum era autônomo. Operadores humanos guiavam as máquinas usando redes sem-fio, e os robôs eram amplamente impotentes sem supervisores humanos. Pouco progresso tem sido feito em “cognição”, os processos de nível alto, semelhantes aos humanos, requeridos para o planejamento robô e a verdadeira autonomia. Como um resultado, muitos pesquisadores têm começado a pensar, ao invés de agrupamentos de humanos e robôs, em uma abordagem que eles descrevem como co-robôs ou “robótica em nuvem.” [51]

Então, ainda existe um longo caminho a seguir. David Graeber também tem levantado outros obstáculos à adoção de robôs completamente automatizados e de IA autônoma, à saber, o próprio sistema capitalista [52]. Financiamento para novas tecnologias não vão para solucionar as necessidades das pessoas e reduzir o esforço humano como tal, mas para aumentar a lucratividade [53]. “Era uma vez,” ele diz, “uma época em que as pessoas imaginavam o futuro, e eles imaginavam carros voadores, dispositivos de teletransporte e robôs que os libertariam da necessidade de trabalho. Mas estranhamente, nenhuma dessas coisas veio a passar.”

O que aconteceu, ao invés disso, foi que os industriais derramaram fundos de pesquisa não na invenção das fábricas robóticas que todos estavam antecipando nos anos 60, mas em reposicionar suas fábricas para instalações de baixa tecnologia e intensivas em trabalho na China ou em outros lugares do globo. E os governos transferiram seus fundos para pesquisa militar, para projetar armas, pesquisa em comunicações e tecnologias de vigilância e preocupações de segurança similares. “Uma razão para que não tenhamos ainda fábricas robóticas é por que cerca de 95% do financiamento de pesquisas em robótica tem sido canalizado através do Pentágono, que está mais interessado em desenvolver drones não-tripulados do que em automatizar moinhos de papel.”

William Nordhaus, do departamento de economia da Universidade Yale, tem tentado estimar o impacto econômico futuro da IA e dos robôs [54]. Nordhaus considera que a ‘singularidade’ e seu impacto ainda está um longo caminho à frente. Consumidores podem amar seus iPhones, mas não podem comer produtos eletrônicos. Similarmente, pelo menos com as tecnologias atuais, a produção requer entradas escassas (“coisas”) na forma de trabalho, energia e recursos naturais,  assim como informação para a maioria  dos bens e serviços. Nordhaus diz que projetando as tendências da última década ou mais, seria na ordem de um século antes que as variáveis de crescimento atingissem um nível associado com uma singularidade focada em crescimento.

Nordhaus também levanta a questão de robôs fora de controle – robôs governando o mundo, incluindo nós. “O desenvolvimento de superinteligência levanta uma nova preocupação não contemplada antes no desenvolvimento de armas e espionagem políticas e militares. Nós precisamos nos preocupar de que à lista de adversários serão adicionadas as próprias máquinas superinteligentes. Será que os superinteligentes nos tratarão como moscas na sopa?” Então há uma categoria de empregos para humanos que não será facilmente eliminada: defender nossos interesses contra o poder abrangente da IA: “Nós normalmente gastamos cerca de 5% da produção em defesa, e isso pode crescer para um número muito maior quando encarando inimigos mais poderosos como máquinas superinteligentes. Então pelo menos uma ocupação sobreviveria através da Era da Singularidade.”

Mas não vamos jogar o bebê fora junto da água do banho. Avanços técnicos para atender as necessidades das pessoas, ajudar a dar um fim à pobreza e criar uma sociedade de superabundância sem danificar o meio-ambiente e a ecologia do planeta é o que queremos. Se a IA/robótica podem nos levar mais perto disso, tanto melhor.

Mas o obstáculo a uma sociedade harmoniosa de superabundância baseada em robôs reduzindo o esforço humano a um mínimo é o Capital. Em seu relatório do ano passado sobre o “Futuro do Trabalho” [55], a UKCES trouxe um número de cenários que incluíam tanto a possibilidade de um longo período de estagnação quanto um salto de produtividade dirigido por tecnologia. Uma coisa que todos os cenários tinham em comum, entretanto, era que, para aqueles com boas habilidades, conexões poderosas ou riqueza hereditária, o futuro parece extremamente sombrio. O Economist concluiu, no final de um longo artigo sobre tecnologia e trabalho ano passado [56]: “A Sociedade pode se encontrar dolorosamente testada se, como parece possível, o crescimento e a inovação gerarem ganhos maravilhosos para os qualificados, enquanto o resto se agarra a oportunidades de emprego decrescentes com salários estagnados.” Ou, como John Naughton coloca [57], “uma economia concierge com legiões de servos co-ordenados em rede.”

Enquanto os meios de produção (que incluirão robôs) estiverem nas mãos de poucos, os benefícios de uma sociedade robótica fluirão para esses poucos. Quem for dono de capital se beneficiará enquanto robôs e IA inevitavelmente substituirão muitos empregos. Se as recompensas das novas tecnologias forem largamente para os muito ricos, como tem sido a tendência em décadas recentes, então visões distópicas poderiam se tornar realidade. Cito novamente John Lanchester: “Diz muito sobre o momento atual que enquanto encaramos um futuro que pode se assemelhar ou com uma distopia hiper-capitalista ou com um paraíso socialista, a segunda opção não seja nem mencionada.” [58]

Deixe-me resumir as minhas conclusões sobre os robôs e IA.

  • A nova tecnologia de robôs e IA está vindo rápido. Como em toda tecnologia sob o capitalismo, ela tem um “viés-de-capital”; vai substituir trabalho humano. Mas sob o capitalismo, esse viés de capital é aplicado para reduzir custos e impulsionar a lucratividade, não para atender necessidades humanas.
  • Robôs e IA intensificarão a contradição sob o capitalismo entre o impulso pelos capitalistas para aumentar a produtividade dos trabalhadores através da ‘mecanização’ (robôs) e a resultante tendência de queda da lucratividade nesse investimento para os proprietários de capital. Esta é a mais importante lei na economia política para Marx – e se torna ainda mais relevante no mundo de robôs. De fato, o maior obstáculo para um mundo de super-abundância é o próprio capital. Bem antes de chegarmos à ‘singularidade’ (se é que um dia chegaremos) e o trabalho humano ser totalmente substituído, o capitalismo experienciará uma série cada vez mais profunda de crises econômicas.
  • A tecnologia robótica vai reduzir muitos empregos existentes (e criar alguns novos) e já está fazendo isso. Mas a singularidade e um mundo robótico ainda está um longo caminho à frente. Isso por que a tecnologia de IA não está sendo direcionada pelo Capital para as áreas mais produtivas, mas para as mais lucrativas (o que não é a mesma coisa). E os custos para ‘controlar’ os robôs com IA vão crescer.
  • Uma sociedade super-abundante onde o esforço humano é reduzido a um mínimo e a pobreza é eliminada não vai acontecer a menos que a propriedade dos meios de produção mudem do controle privado (oligarquia capitalista) para a propriedade em comum (socialismo democrático). Essa é a escolha entre utopia e distopia.

Notas:

[1] https://thenextrecession.wordpress.com/2015/07/21/paul-mason-and-postcapitalism-utopian-or-scientific/

[2] https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/13/quatro-futuros/ [N.M.]

[3] “International Federation of Robotics” – http://www.ifr.org/ [N.M.]

[4] https://ominhocario.wordpress.com/2016/06/23/todo-poder-para-os-espacos-de-fazedores-1/ [N.M.]

[5] “Internet of Things” ou “Internet das Coisas” – https://pt.wikipedia.org/wiki/Internet_das_coisas [N.M.]

[6] “Big Data” ou “Megadados” – https://pt.wikipedia.org/wiki/Big_data [N.M.]

[7] https://bankunderground.co.uk/2015/06/19/driverless-cars-insurers-cannot-be-asleep-at-the-wheel/

[8] “Redes Elétricas Inteligentes” ou “Smart Grids” – https://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_elétrica_inteligente [N.M.]

[9] “McKinsey Global Institute” – http://www.mckinsey.com/business-functions/digital-mckinsey/our-insights/disruptive-technologies

[10] “Computação em Núvem” ou “Cloud Computing” – https://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o_em_nuvem [N.M.]

[11] http://www.lrb.co.uk/v37/n05/john-lanchester/the-robots-are-coming

[12] http://secondmachineage.com/ [N.M.]

[13] É importante frisar que aqui não estamos falando de Inteligência Artificial como uma forma de auto-consciência, mas sim a capacidade de modelar os elementos da realidade com os quais essas máquinas devem interagir, e aprender novas formas de lidar com as situações de interação. Talvez em algum momento seja possível modelar toda uma consciência semelhante à humana, senciente e auto-consciente, como vem sonhando há tempos a ficção científica, mas ainda não se trata disso. [N.M.]

[14] https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/26/robos-crescimento-e-desigualdade/ [N.M.]

[15] https://ominhocario.wordpress.com/2016/09/27/a-gente-trabalha-demais-mas-nao-precisa-ser-assim/ e https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/01/politicas-para-se-arranjar-uma-vida/ [N.M.]

[16] http://voxeu.org/article/robots-productivity-and-jobs

[17] https://pt.wikipedia.org/wiki/Produtividade#Produtividade_total_dos_factores [N.M.]

[18] http://cepr.org/active/publications/discussion_papers/dp.php?dpno=10477

[19] http://www.oxfordmartin.ox.ac.uk/downloads/academic/The_Future_of_Employment.pdf

[20] Referência ao economista francês Thomas Piketty, autor do estudo (e sucesso de vendas) “O Capital no Século XXI”, em que analisa dados históricos sobre a desigualdade nos países mais desenvolvidos e mostra como nas últimas décadas o mundo capitalista vem se tornando cada vez mais desigual, retornando a patamares de desigualdade anteriores à primeira guerra mundial – http://dowbor.org/2014/07/ladislau-dowbor-pikettismos-relexoes-sobre-o-capital-no-seculo-xxi-julho-2014-17p.html/ [N.M.]

[21] https://thenextrecession.wordpress.com/2015/08/08/the-great-productivity-slowdown/

[22] https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_do_valor [N.M.]

[23] https://leituracapital.wordpress.com/tag/composicao-organica-do-capital/ [N.M.]

[24] https://thenextrecession.files.wordpress.com/2015/08/crisis-and-the-law-for-book1-1.doc

[25] https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/13/tecnologia-e-estrategia-socialista/ [N.M.]

[26] http://glineq.blogspot.com.br/2015/04/the-rule-of-robots-in-stiglitz-and-marx.html

[27] https://pt.wikipedia.org/wiki/Elasticidade_(economia) [N.M.]

[28] Não posso deixar de lembrar do trecho de Oscar Wilde:

“O fato é que a civilização precisa de escravos. Os gregos estavam absolutamente certos neste ponto. A menos que haja escravos para fazer o trabalho feio, horrível e desinteressante, a cultura e a contemplação se tornarão quase impossíveis. A escravidão humana é incorreta, desmoralizadora e não é segura. O futuro do mundo depende da escravidão mecânica, da escravidão da máquina. E quando os homens da ciência não forem mais convocados a partirem para o deprimente East End para distribuir a gente faminta chocolate de má qualidade e cobertores de qualidade ainda pior, terão um delicioso tempo disponível para planejar coisas maravilhosas e estupendas para satisfação própria e dos demais. “ – Em “A Alma do Homem Sob o Socialismo” – http://odialetico.xpg.uol.com.br/filosofia/livros/almasocialismo.htm [N.M.]

[29] Ver a sessão sobre “Exterminismo” em https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/13/quatro-futuros [N.M.]

[30] Também citado como ”aquele velho negócio sujo” em https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/25/o-marxismo-e-uma-ideologia-assassina-que-so-pode-gerar-miseria/ [N.M.]

[31] É o mesmo ponto colocado por Peter Frase em “Quatro Futuros” (mas lá ele analisa também a questão da escassez x abundância, além de hierarquia x igualdade) – https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/13/quatro-futuros/ [N.M.]

[32] A principal linha entre os economistas é a Neoclássica, principalmente em suas variedades com mais fé no mercado. [N.M.]

[33] http://prospect.org/article/how-live-happily-robots

[34] http://www.npr.org/sections/alltechconsidered/2015/05/18/407648886/attention-white-collar-workers-the-robots-are-coming-for-your-jobs

[35] https://thenextrecession.wordpress.com/2015/07/21/paul-mason-and-postcapitalism-utopian-or-scientific/

[36] https://www.ft.com/content/e1046e2e-8aae-11e3-9465-00144feab7de#axzz3k72z2kiJ

[37] https://ominhocario.wordpress.com/2016/09/23/precisamos-domina-la/ e https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/13/tecnologia-e-estrategia-socialista/ [N.M.]

[38] http://www.lrb.co.uk/v37/n05/john-lanchester/the-robots-are-coming

[39] https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/26/robos-crescimento-e-desigualdade/ [N.M.]

[40] De fato, também de Oscar Wilde (como visto na nota [28]), Marx, e de inúmeros socialistas/comunistas e anarquistas através da história. [N.M.]

[41] Não sabia como traduzir “distributed smarts”, agradeço sugestões e correções. [N.M.]

[42] https://www.technologyreview.com/s/538091/open-letter-on-the-digital-economy/

[43] http://www.hodlipson.com/

[45] Nada a ver com a ideia de ‘classes sociais’ nesse uso da palavra ‘classe’ [N.M.]

[46] http://www.nytimes.com/video/technology/personaltech/100000002663490/roomba-880-a-clean-sweep.html

[47] http://www.nytimes.com/2015/05/07/technology/robotica-navy-tests-limits-autonomy.html?_r=0

[48] Defense Advanced Research Projects Agency

[49] http://www.theroboticschallenge.org/

[50] http://www.nytimes.com/2013/12/23/science/japanese-team-dominates-competition-to-create-rescue-robots.html?ref=topics

[51] http://bits.blogs.nytimes.com/2014/10/25/the-robot-in-the-cloud-a-conversation-with-ken-goldberg/

[52] http://thebaffler.com/salvos/of-flying-cars-and-the-declining-rate-of-profit

[53] https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/27/inovacao-vermelha/ [N.M.]

[54] https://thenextrecession.files.wordpress.com/2015/09/ssrn-id2658259.pdf

[55] https://www.gov.uk/government/publications/jobs-and-skills-in-2030

[56] http://www.economist.com/news/briefing/21594264-previous-technological-innovation-has-always-delivered-more-long-run-employment-not-less?fsrc=scn/tw/te/pe/ed/

[57] https://www.theguardian.com/commentisfree/2014/dec/28/uber-amazon-tech-concierge-economy

[58] a repetição da citação, no original, era bem maior. Como no original eram 3 posts, e a repetição era do conteúdo de um post anterior, achei melhor repetir apenas o final para enfatizar. [N.M.]

Fonte da matéria: Robôs e Inteligência Artificial: Utopia ou Distopia? – O Minhocário – https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/05/robos-e-inteligencia-artificial-utopia-or-distopia/

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