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O Leitmotiv da Guerra

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José Martins – Dias atrás, Joe Biden e Vladimir Putin faziam na televisão dois pronunciamentos quase simultâneos sobre a situação do atual conflito nas fronteiras de Rússia com Ucrânia.

Biden afirmava que “na verdade, nossos analistas indicam que as tropas russas ainda estão em uma posição ameaçadora e o fato é que, neste exato momento, a invasão permanece claramente possível… se a Rússia atacar a Ucrânia vai ser uma guerra por escolha própria, uma guerra sem motivo ou razão”.

Ao mesmo tempo, Putin esclarecia: “como a Rússia agirá a partir de agora? … de acordo com o plano … e como o plano será feito? … de acordo com a situação real… quem pode dizer como a situação real se desenvolverá? … ninguém, até agora”.

Comentário da apresentadora da Globo News sobre os dois pronunciamentos: “é incrível, né?… o Putin é um enigma… ele tem uma cara de quem está falando ali uma coisa com deboche… impressionante!”

O que ninguém nunca deve ter dito à pobre criatura temente a Deus é que Biden foi criado no interior da Pensilvânia e o livro mais profundo que ele leu na vida, da mesma forma que a maioria dos cidadãos estadunidenses, foi “As Aventuras de Tom Sawyer”, de Mark Twain.

Putin, por seu lado, foi nascido e criado em São Petersburgo. E já em seu curso colegial leu Lev Tolstói, de “Anna Karenina”, além, é claro, do seu popular “Guerra e Paz” – e Fiódor Dostoiévski de “Os Irmãos Karamazov”, “Memórias do Subterrâneo” e outras monumentais obras da inteligência humana.

Em pronunciamento recente ele cita trecho de Dostoiévski para ilustrar determinada situação geopolítica. Na era do Instagram e Tik Tok isso ainda existe, acreditem. Mas Putin não é um caso isolado. Ocorre com a maioria dos cidadãos da Rússia. E na Ucrânia é a mesma coisa, onde dois terços da população são de origem da “Grande Rússia”.

Mas será que essa gigantesca diferença qualitativa entre dois povos na formação espiritual é uma coisa importante quando eles parecem prontos para um entrar em guerra de vida ou morte contra o outro? Não é só a quantidade de divisões, soldados bem treinados e modernos armamentos que importa na hora do vamos ver? Talvez. Mas há na academia, para quem ainda se interessa pelo que ela diz atualmente, controvérsias a respeito.

De todo modo, para o que realmente interessa neste momento, quando a ordem geopolítica do período pós-guerra (1945) parece colapsar, o mais importante é saber o seguinte, como pergunta inteligentemente o presidente da Rússia: como a situação real se desenvolverá? Até agora ninguém sabe, ele responde, também de forma inteligente.

Mas é verdade também, e Putin sabe disso, que uma coisa muito importante para traçar possíveis cenários de nova guerra mundial (ou continuidade da funesta Pax americana do pós-guerra) é o próprio leitmotiv da guerra europeia que pode explodir nos próximos dias nas fronteiras e territórios de Rússia e Ucrânia.

Não existe santo nesta pendenga ucraniana. São todos bandidos. São todos capitalistas. Tanto os leitores dos gênios quanto os dos anões da literatura mundial. Mas o fato é que, ao contrário de Putin, o admirador das Aventuras de Tom Sawyer mostra toda sua inépcia quando afirma em sucessivos pronunciamentos que se a Rússia atacar a Ucrânia vai ser uma guerra por escolha própria, uma guerra sem motivo ou razão.

Ao contrário do que afirma o belicoso estadunidense, nunca existiu nos últimos setenta e cinco anos uma guerra com tantos motivos ou razões materiais para acontecer como esta que se anuncia acidentalmente nas fronteiras da Ucrânia com a Rússia.

Portanto, o primeiro cuidado para acompanhar e antever os desdobramentos da atual situação de guerra na Ucrânia é observar que seu leitmotiv, quer dizer, seu fio condutor, é o mesmo de uma possível guerra mundial um pouco mais a frente.

O fato é que nas guerras mundiais – aquelas que envolvem ao mesmo tempo todas as potências econômicas e militares do planeta – ninguém pode dispor de um vitorioso plano de ação no chão duro da batalha se não houver clareza do leitmotiv que determina a forma, a intensidade e, finalmente, a duração de qualquer guerra.

Parece que Putin tem esta clareza. Não poderia ser diferente para quem tem ao lado Sergei Lavrov, o grande estrategista da política externa de Moscou.  É claro que Biden e muita gente importante do Departamento de Estado e do Pentágono também têm a clareza da situação.

Mas a Rússia – desde, pelo menos, de Pedro, o Grande, e da rainha Catarina, a Grande – sempre foram mais craques nesta ciência da guerra que esses caipiras do corn belt. E no terreno duro da batalha nunca perderam quase nenhuma grande guerra. Os prussianos, alemães e franceses que o digam. Na 2ª Grande Guerra, o “exército vermelho” foi o primeiro a atingir e tomar Berlim.

Parafraseando Mirabeau, “outros Estados possuem um exército, a Rússia é um exército que possui um Estado”. Não por acaso, e ao contrário da Prússia, a quem Mirabeau se refere, o Estado russo conseguiu manter até agora um inacreditável território nacional que se estende de Kaliningrado a Vladvostok.

Quer dizer, a Rússia detêm um espaço geográfico que se estende das proximidades com a Alemanha, na embocadura do Mar Báltico, até diretamente com as fronteiras de China, Coreia do Norte e Japão, no Mar do Japão. A Prússia, ou Alemanha, por seu lado, não passa atualmente de uma província geopolítica obediente a todas as vontades do imperialismo estadunidense.

Mas o leitmotiv de uma determinada guerra não se limita a razões territoriais ou geográficas. Tampouco se pode imaginar a eclosão de “uma guerra por escolha própria, uma guerra sem motivo ou razão”, como sugere vagamente em seus pronunciamentos das últimas semanas o trêmulo e abatido presidente da maior potência econômica e militar do planeta.

O que mais debilita o presidente dos EUA – recentemente eleito e já tão odiado internamente como fora seu antecessor Donald Trump – é exatamente o fator genético elementar do leitmotiv de uma guerra total entre potências: a eclosão de uma crise econômica geral (financeira e industrial) na totalidade do mercado mundial.

Esta variável de peso na cenarização geopolítica não tinha ainda se destacado como a mais importante no longo período do pós-guerra. Agora ela pode acontecer ainda neste ano. Pode. Já é o cenário que mais aproxima como o mais provável.

Este foi o tema tratado no último boletim da Crítica da Economia tratando de uma irredutível pletora de capital que cobre a crosta terrestre. Uma pletora pode-se acrescentar, agora focando na atual situação ucraniana, que cobre de maneira mais intensa o continente europeu e as suas antigas potências militares – principalmente a trinca Alemanha, França e Inglaterra.

Não será a guerra na Ucrânia que causará grandes problemas econômicos, seja para a Europa, seja para o restante do mercado mundial, como afirmam as análises superficiais dos economistas e comentaristas da mídia mundial. Ela mesma, e a forma que vai tomar, já é um resultado destes problemas econômicos. Trata-se de problemas muito maiores que os mercados do gás, petróleo, alimentos, matérias primas, etc. que, aliás, já estão mais do que presentes na atual situação econômica global.

O buraco é mais embaixo. O mais importante é o gatilho de uma grande correção e queima de capitais nas grandes praças financeiras do mercado mundial que pode ser disparado no exato momento em que o Federal Reserve Bank (Fed, banco central dos EUA) iniciar a elevação da sua taxa básica de juros – que atualmente, se encontra próxima de zero, frente a uma insistente inflação de 7.5% nos últimos doze meses.

Não dá para o governo estadunidense e o Fed evitar esta arriscada manobra. A elevação dos juros – simultaneamente a uma redução radical dos estímulos fiscais e monetários nas grandes potências europeias e Japão – deve ocorrer nas próximas semanas, início de março.

No cenário econômico mundial mais provável nos próximos trimestres traçado pela Crítica da Economia destaca-se que a economia reguladora do mercado mundial e detentora da moeda padrão de reserva internacional (dólar) já se encontra no limiar de um estado estacionário. Por favor, não confundam com estagnação e muito menos depressão.

Esta “síndrome japonesa” de deflação nos lucros e na taxa de acumulação, que já dura mais de trinta anos, agora atinge simultaneamente os EUA e Europa. O fogo da acumulação se extingue lentamente no coração do sistema capitalista.

Na análise de um quadro geopolítico o que mais importa destacar nas características de um estado estacionário é a tendência inescapável das grandes potências aumentarem rapidamente a produção de seu complexo militar-industrial para lutar contra o desemprego tanto do capital quanto do trabalho dentro de seus países.

A produção de meios de consumo individual (departamento 2 da produção) é deslocada para a produção de meios de destruição (departamento 4 da produção). Menos manteiga e mais canhão. Muito mais. Esta é a forma econômica mais eficiente dos capitalistas manterem o aparelho produtivo de capital funcionando em ponto morto – garantindo pelo menos a reprodução simples – e de lutar contra as inevitáveis rebeliões de desempregados e famintos trabalhadores produtivos no interior das nações.

Portanto, esta ligação direta da economia com a produção de armamentos e com a guerra pressionará diretamente a ordem geopolítica prevalecente nos últimos setenta anos. Já está acontecendo. Trata-se então de aumentar a produção no departamento 4 (meios de destruição), como teorizado pela economista Rosa de Luxemburgo, conquistar novos mercados externos, vender estas mercadorias para quem estiver disposto a “consumi-las” nas inevitáveis guerras.

Vejam, por exemplo, a decisão do governo dos EUA, em setembro de 2021, de ser ele o fornecedor de grande quantidade de submarinos nucleares para a Austrália. Biden anunciou uma nova aliança com Austrália e Reino Unido para fortalecer as capacidades navais na região do Indo-Pacífico diante da crescente influência da China, com uma nova frota australiana de submarinos de propulsão nuclear.

Acontece que o governo australiano já tinha contrato de intenção firmado com a indústria armamentista francesa para fornecimento de grande quantidade de submarinos convencionais. Por imposição de Washington, a venal burguesia australiana rompeu unilateralmente o contrato com os capitalistas franceses e girou a chave para os vendedores estadunidenses.

O esperto vendedor Joe Biden declarou que os esforços para permitir que a Austrália construa submarinos de propulsão nuclear vão garantir que tenham “as capacidades mais modernas de que precisamos para manobrar e nos defender de ameaças em rápida evolução”.

Os submarinos não estarão dotados de armas nucleares, e sim propulsionados por reatores nucleares, enfatizou Biden. Poderia ter acrescentado que com bombas nucleares é um pouco mais caro. Mais tarde, o primeiro-ministro australiano Scott Morrison anunciou que a Austrália também vai adquirir dos EUA mísseis de cruzeiro Tomahawk americanos de longo alcance. “Vamos atualizar nossas capacidades de ataque de longo alcance, incluindo mísseis de cruzeiro Tomahawk para serem instalados nos destroieres da classe Hobart da Marinha Real Australiana”, informou Morrison.

Emmanuel Macron, um pequeno banqueiro que se tornou presidente da França, protestou veementemente e até ameaçou romper relações com os EUA se a negociata dos EUA não fosse desfeita. Parece que chegou a chamar o embaixador da França nos EUA, como retaliação diplomática.

Não só a negociata imperialista de Washington não foi desfeita, como, depois de ligar para Biden, le petit con [o fdp] enfiou o rabo debaixo das pernas e correu para junto de mamãe Ângela Merkel para, juntos, derramarem lágrimas amargas pela triste submissão de França e Alemanha à OTAN, a organização militar com que os EUA impõe sobre a Europa e adjacências seu tacão de dominação imperialista.

Acreditavam na lealdade do amigo e aliado Joe Biden? Não devem ter chegado a tanto. Mas pelo menos não levaram a sério o fato que, parafraseando meus amigos mexicanos, do mesmo modo que na política interna das nações, também na geopolítica todos os amigos são falsos e todos os inimigos são reais.

O chapéu dado por Biden em Macron no caso dos submarinos australianos confirma na prática as relações de dominação da OTAN sobre a Europa que emergiu dos escombros da 2ª Grande Guerra.

Fato importante: na realpolitik do mundo da Guerra Fria e, mesmo depois de suas transformações ocorridas com a derrocada econômica da Rússia e pacto de Varsóvia, os EUA continuam a impor às velhas potências militares da União Europeia que aceitem a ideia que os EUA podem até ser, ocasionalmente, o amigo falso, mas a Rússia será sempre seu inimigo real.

Em nome da defesa e da proteção militar contra a “ameaça da Rússia”, os EUA exigem a “união dos aliados” em torno de seu comando e controle militar. Só não justificam por que a Rússia é o mal e os “aliados” são todos do bem.

Aliás, na época da Guerra Fria a Rússia poderia ser do mal porque era “comunista”, seja lá o que eles queriam dizer com isso. Porém, agora nem “comunista” é mais. E continua sendo o império do mal. A grande ameaça.

Mas, de repente, a realidade começa a ficar mais movediça do que imaginavam os partidários da ordem natural das coisas.  A fragmentação política da União Europeia, que já havia se acelerado recentemente com o golpe político do Brexit, da saída da Inglaterra do bloco europeu, agora está na iminência, como observado acima, de receber um definitivo e fulminante golpe econômico.

Na perspectiva de um estado econômico estacionário mundial que se anuncia, a União Europeia deverá necessariamente se defender por conta própria e esperar menos ou nada dos EUA. A não ser mais porrada imperialista, como agora com essa guerra na Ucrânia. A união política da NATO (leia-se exército de ocupação dos EUA na Europa) já se encontra em processo de rápida corrosão material e fragmentação econômica.

Nestas novas condições, que apenas se anuncia no horizonte, a perspectiva de uma iminente crise econômica geral e este desmantelamento da unidade geopolítica da União Europeia à sombra da OTAN torna o eixo Berlim/Paris o elo fraco da Europa.

Neste inusitado novo eixo geopolítico europeu, a velha e secular “questão alemã” ressurge de um sono profundo nos últimos setenta e cinco anos como uma reformatada “questão europeia”. Nela, as rebeliões revolucionarias do proletariado internacional subirão para a superfície. No coração da Europa as lutas do proletariado mais tradicional e combativo do mundo ganharão mais força.  Exigindo a revolução como única solução da miséria e morte causadas pelo regime da propriedade privada, do Estado e do mercado.

Quais serão, então, os desdobramentos desta nova e necessária realpolitik da França e, principalmente, da Alemanha, se confrontando com o mundo pós-guerra fria inaugurado nos anos 1990 na esteira da desagregação política e econômica da Rússia? Da reformatação do mundo atual de desagregação e ocupação pela OTAN da área de influência da Rússia nas repúblicas do leste europeu que eram abrigadas sob o guarda chuva do pacto de Varsóvia?

A reemergência da “questão alemã” como nova e ampliada “questão europeia” é a verdadeira questão geopolítica que os antigos aliados da época da guerra fria EUA e Rússia terão que responder. E agir.

Já estão agindo. Como? Da única forma possível: procurado se antecipar estrategicamente a um cenário europeu altamente conflituoso entre as superpotências imersas em crise geral e rebeliões sociais; se antecipando a um cenário que já apresenta todas as suas principais variáveis com bastante clareza e irreversibilidade.

Os conflitos criados atualmente pelos EUA e Rússia nas fronteiras da Ucrânia já é o início da sua resposta para esta “questão europeia” e para a nova guerra mundial. Este é o leitmotiv da guerra.

Um leitmotiv absolutamente reacionário e inglório. Que se apresenta com novas roupagens, mas com reforço de conteúdo ao bem sucedido mundo da Guerra Fria, em que EUA e Rússia viviam bem felizes ameaçando a Europa e o mundo com a bomba, produzindo e vendendo armamentos com limitada concorrência das antigas potencias japonesas e europeias, lançando Sputniks e astronautas para o espaço sideral, globalizando pandemias de agronegócio, agrotóxicos, empresas, bancos e capitais, imundas cadeias produtivas globais, fome, o trabalho como enfermidades fatais em trabalhadores produtivos, massacres de revoluções populares e proletárias pelo mundo afora, etc.

A aparente guerra dos Estados Unidos contra a Rússia na Ucrânia nada mais é do que parte de ações coordenadas de realpolitik dos velhos parceiros da Guerra Fria para reforçar o que Washington repete em todos seus comunicados sobre a guerra: “segurança europeia” e “unidade dos aliados” em torno da OTAN. Este é, em dois slogans, o plano imperialista para a regulação e controle do capital sobre a Europa.

Finalmente, a estratégica “guerra Rússia x Ucrânia” é altamente conveniente para os dois grandes parceiros da saudosa Guerra Fria. Tanto para os EUA quanto para a Rússia. Para o primeiro, porque aumenta o enquadramento econômico e militar imperialista sobre sua área de influência na Europa Ocidental. Exporta sua crise interna para o continente europeu.

Para a Rússia – uma pária econômica mas potência militar – a guerra na Ucrânia é o primeiro passo na perspectiva de uma retomada da sua área de influência (Pacto de Varsóvia) desgarrada com o fim da Guerra Fria.

É isso que tanto Biden, quanto Putin têm na cabeça quando escrevem seus discursos e comunicados sobre a “guerra na Ucrânia”. É o leitmotiv da guerra.

Esta ação de realpolitik de Washington e Moscou será bem sucedida? É quase certo que não. De todo modo, na esteira de qualquer resultado da atual pendenga da Rússia e EUA nas fronteiras da Ucrânia, tanto um quanto o outro (e a Inglaterra, como coadjuvante) estarão planejando novas guerras capazes de reforçar a dominação militar sobre suas áreas de influência na Europa e alhures. Só assim imaginam prorrogar um pouco mais a governabilidade da luta de classes no interior de seus pr´prios países e salvar suas cabeças.

Ao mesmo tempo, as velhas potências – mais uma vez derrotadas pela sórdida realpolitik dos falsos amigos e inimigos reais que se fundem em um mesmo corpo de dominação imperialista – estarão necessariamente agindo com novas armas geopolíticas e armas reais para se libertar da “união dos aliados”.

Enfim, o que identifica a ação e o verdadeiro objetivo de capitalistas vencedores e vencidos na nova grande guerra que se anuncia timidamente nas fronteiras da Ucrânia? O mesmo plano de classe das diversas burguesias nacionais de enfrentar e escapar da ira nas ruas e avenidas dos seus diferentes países da multidão de produtivos e revolucionários internacionais impulsionados espiritualmente pela arma da crítica e agindo praticamente com a crítica das armas, no caminho da revolução.

Fonte da matéria: O Leitmotiv da Guerra – Crítica da Economia – https://criticadaeconomia.com/2022/02/o-leitmotiv-da-guerra/

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