EducaçãoSociedade

POR UM NOVO PARADIGMA NAS LUTAS DA EDUCAÇÃO

Tempo de leitura: 2 min

Francisco Oliveira Scaquetti – No próximo dia 15 de Maio (quarta-feira) estão previstas uma série de paralisações e mobilizações da educação pelo Brasil. Estudantes e professores de escolas públicas, universidades estaduais e federais irão as ruas lutar contra o desmonte da educação promovido pelo governo Bolsonaro.

Os atos serão encabeçados por aqueles que, historicamente, protagonizam as lutas da educação: sindicatos de professores, organizações estudantis e partidos de esquerda e do chamado “campo progressista”.E só.

A princípio, nenhum outro setor expressivo se somará a estes nos atos de rua.

Isso revela, em larga medida, que a visão predominante – que se expressa na forma com os atos são construídos, divulgados e mobilizados – das organizações que lutam por uma educação pública laica e de qualidade é semelhante a das categorias do setor industrial, ou seja, mobiliza-se única e exclusivamente a base diretamente envolvida (no caso, estudantes e professores) contra o “patrão”, no caso o Estado, seja em esfera municipal, estadual ou federal.

Tal modelo, que, para o caso específico da educação parece equivocado por ignorar que o tema é um direito e, por isso, diz respeito a todas as pessoas, até logrou algum sucesso no passado. Mas hoje em dia, em função das diversas mudanças no mundo sindical, no interior educação e até mesmo do Estado, que tornou-se mais repressivo com as lutas sociais, tal modelo parece carente de uma amplitude social capaz de garantir o êxito político das mobilizações.

Nesse sentido, se faz necessária a construção de um novo paradigma das lutas da educação. Um paradigma que parta da premissa da educação como um direito que diz respeito a todas as pessoas e não só as partes diretamente envolvidas no processo, como professores e estudantes e que seja capaz de construir não somente uma opinião pública favorável ao debate da educação, mas também de mobilizar novos atores sociais – até então alheios ao tema – para a construção de um movimento que recoloque a educação pública, gratuita, laica e qualidade no centro dos debates nacionais.

A educação pública é muito importante para ficar somente a cargo de estudantes e professores, embora estes sejam fundamentais nesse processo.

Geógrafo, professor e poeta. Especialista em Ensino Superior pelo Instituto Federal de São Paulo. Militante da educação pública.

Enviado pelo autor

Deixe uma resposta