The Economist – O Brasil não apresenta sintomas de uma crise antiquada da balança de pagamentos nem está à mercê do capital global. A crise do Brasil é, em essência, uma batalha consigo mesmo, diz a publicação.
O segundo tipo de crise é mais potencializado, com um país que já está angariando muitos empréstimos e alocando em más políticas sendo capaz também de abocanhar bilhões de dólares em mercados de capitais globais para uso indevido. Os bancos domésticos se juntam à festa, a economia cresce e, quando o fluxo de capital repentinamente se reverte, a moeda entra em colapso. A falência é generalizada e o dano é grande o suficiente para afetar os outros.
Porém, para a The Economist, o Brasil parece exigir uma terceira categoria de classificação. “As eleições deste mês decidirão seu próximo presidente e o perfil do seu Congresso. Assim, eles moldarão a resposta a uma crise financeira em câmera lenta. O drama provavelmente será jogado no mercado de câmbio. O impacto pode ser de grande alcance. Mas o Brasil não apresenta sintomas de uma crise antiquada da balança de pagamentos. Nem está à mercê do capital global. A crise do Brasil é, em essência, uma batalha consigo mesmo”.
Isso significa que cortes de gastos são necessários para consertar as finanças públicas. Enquanto os salários do funcionalismo público cresceram rapidamente, a Previdência excessivamente generosa é um problema muito maior e continuará aumentando conforme o Brasil envelhece. “As coisas poderiam ser piores se não fosse por conta de uma emenda constitucional em 2016 que limita o aumento dos gastos públicos”, aponta a Economist, em referência a EC nº 95. A publicação ainda ressalta que houve uma tentativa de reformar a previdência, mas que foi abortada quando o presidente Michel Temer foi implicado nos escândalos de corrupção que viram um de seus antecessores ser cassado e outro preso.
Em um Brasil diferente, a política procuraria conciliar as reivindicações dos seus credores (que são quase todos os poupadores brasileiros), aposentados, funcionários públicos e o restante do país, aval. Este último grupo sofreu um aperto nos serviços públicos e nos padrões de vida. Enquanto isso, os dois principais candidatos à presidência são figuras polarizadas que podem sofrer para fazer a reforma previdenciária.
À publicação, o economista Arthur Carvalho, do Morgan Stanley, ressaltou que um ponto crítico pode ser em agosto próximo, se não antes. Este é o momento quando o orçamento de 2020 será apresentado e, se a reforma da Previdência não estiver em vigor, será necessário um grande aperto nos gastos públicos.
Nesse cenário, os credores ficariam assustados e, embora os estrangeiros tenham pouco da dívida do Brasil, ainda haveria fuga de capitais, a moeda cairia e haveria aumento no rendimento dos títulos. “À medida que os poupadores brasileiros anteciparem a inflação e o caos econômico que resultarão da crescente dívida pública, eles tentarão escapar dela”, afirma a publicação, lembrando que muitos poupadores em outros lugares na América Latina possuem contas em dólar no exterior como um escudo contra a inflação doméstica.
Nada é inteiramente novo, aponta a publicação. Os sintomas das crises passadas no Brasil foram inflação alta e déficits externos. Mas, por trás disso, o problema era a política fiscal negligente, conforme apontou o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, da Gávea Investimentos. Nesse cenário, ressalta a Economist, uma correção no meio do caminho pode evitar o pior. “O Brasil ainda pode administrar isso. Se não puder, os eventos provavelmente ganharão força dramaticamente”, conclui a publicação.
https://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/7653876/-brasil-esta-se-caminhando-para-um-tipo-unico-de-crise-financeira-diz-the-economist
Compartilhar:
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela)
- Clique para imprimir(abre em nova janela)
Deixe uma resposta