João Pedro Caleiro – Surpresa: não é a educação que faz a Dinamarca ter tanta mobilidade social. Nesse sentido, ela é muito similar aos EUA. A resposta está em outro processo.
Os países escandinavos de forma geral são vistos como exemplos de harmonia social, igualdade de oportunidades e equilíbrio entre mercado e estado.
Mas os dados de mobilidade da Dinamarca mostram que essa visão é em parte fantasiosa, de acordo com um estudo publicado em julho pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos Estados Unidos.
Os autores são Rasmus Landersø, do setor de pesquisa da fundação dinamarquesa Rockwool Foundation, e James J. Heckman, da Universidade de Chicago.
Eles investigaram a mobilidade social entre gerações da famílias na Dinamarca e nos Estados Unidos. Qual é a chance, por exemplo, de uma criança pobre se tornar uma adulta de classe média?
E de fato, os dinamarqueses tem muito mais mobilidade. A primeira hipótese é que isso é fruto da educação: afinal, eles gozam de amplo e gratuito acesso a creches, pré-educação e universidades – talvez o melhor exemplo mundial de “igualdade de oportunidades”.
Só que não são essas oportunidades que geram a igualdade no país: os dados mostram que a influência da renda familiar na trajetória educacional de uma criança é surpreendentemente parecida nos dois países.
O sistema consegue, por exemplo, fazer com que as crianças mais pobres tenham resultados cognitivos melhores do que os americanos, mas não torna mais provável que os filhos de pais sem diploma cheguem a cursar uma faculdade.
Transferências
A resposta para a igualdade dinamarquesa não está na educação, e sim nas transferências: o estado coloca impostos grandes sobre os ricos e transfere recursos para os mais pobres.
Isso comprime as faixas de renda e torna mais fácil subir (ou cair) de um degrau para o outro (a definição de mobilidade). A Dinamarca tenta dar igualdade de oportunidades e quando isso não funciona, mexe nos salários para trazer uma igualdade maior de resultados.
Os dois processos não são independentes. Como as diferenças salariais são menores e o sistema de proteção social do país é generoso, um diploma na Dinamarca acaba valendo menos no mercado, em termos relativos, do que nos Estados Unidos.
Resumo da ópera: “A Escandinávia investe pesadamente no desenvolvimento infantil e impulsiona os resultados dos testes dos menos favorecidos. Daí ela desfaz esses efeitos benéficos ao prover fracos incentivos ao mercado de trabalho”, diz o texto.
Análise
O fato de que a tal igualdade de oportunidade ser uma fantasia até na Escandinávia mostra que mesmo o maior esforço estatal nunca será capaz de anular o fato de que ter pais ricos e educados é uma vantagem enorme para uma criança em crescimento (assim como outros fatores, como o lugar onde ela mora).
Mas também mostra que dada essa dificuldade, um estado que sabe taxar os ricos e proteger os pobres é capaz de mexer nessa conta e que mesmo nesse cenário ainda vai ter muita gente querendo fazer faculdade.
Qual sociedade é melhor? Essa resposta a economia não dá. O desafio é mexer de forma inteligente nessas contas e incentivos – o que diga-se de passagem, é bem mais fácil em um país pequeno e homogêneo (a Dinamarca) do que gigante e complexo (como os EUA).
1. Reputação nas alturas!
- 2. 1º. Suécia
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 78,34 3º 3º - 3. 2º Canadá
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 77,82 1º 2º - 4. 3º. Suíça
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 77,00 4º 1º - 5. 4º Austrália
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 76,84 5º 5º - 6. 5º. Noruega
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 76,18 2º 6º - 7. 6º. Finlândia
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 75,16 6º 4º - 8. 7º Nova Zelândia
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 74,68 7º 8º - 9. 8º Dinamarca
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 74,25 8º 7º - 10. 9º. Irlanda
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 74,11 11º 9º - 11. 10º Holanda
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 73,90 9º 9º - 12. 11º. Áustria
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 72,44 12º 11º - 13. 12º Itália
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 71,68 14º 16º - 14. 13º. Reino Unido
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 71,08 13º 15º - 15. 14º Japão
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 70,97 16º 14º - 16. 15º. França
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 69,32 19º 17º - 17. 16º. Bélgica
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 67,95 10º 12º - 18. 17º. Espanha
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 67,73 17º 18º - 19. 18º. Alemanha
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 67,55 15º 10º - 20. 19º. Portugal
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 66,53 18º 19° - 21. 20º. Singapura
Pontuação Posição em 2015 Posição em 2014 60,12 20º 20º https://exame.abril.com.br/economia/nao-e-educacao-que-torna-dinamarca-igualitaria-diz-estudo/
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