Paul Craig Roberts – ‘Não houve ataque químico por parte da Síria: posso apostar minha vida nisso’.
Como americanos, devemos encarar a possibilidade de termos um governo criminosamente insano em Washington que está levando o mundo à destruição.
Comunicado de imprensa do governo russo:
Falsas informações estão sendo plantadas sobre o suposto uso de cloro e outros agentes tóxicos pelas forças do governo sírio. As últimas notícias falsas sobre um ataque químico à Douma foram dadas ontem (domingo, 8 de abril). Esses relatos têm novamente como fonte os notórios Capacetes Brancos (White Helmets) que, como se provou mais de uma vez, trabalham de mãos dadas com os terroristas, bem como com outras organizações pseudo-humanitárias sediadas no Reino Unido e nos EUA.
Recentemente, advertimos sobre a possibilidade de provocações perigosas assim. O objetivo dessas mentiras absolutamente infundadas é proteger os terroristas e a oposição radical e irreconciliável que rejeitou um acordo político, bem como justificar o possível uso da força por atores externos.
É preciso afirmar mais uma vez que uma interferência militar sob pretextos falsos e arranjados na Síria, para onde as forças russas foram enviadas a pedido do governo legítimo, é absolutamente inaceitável e pode levar a graves consequências.
A interpretação de John Helmer sobre o comunicado é:
Quando o estado de direito é destruído em Salisbury, Londres e em Haia, e a lei da fraude é o que comanda Washington, resta ao mundo apenas a lei do mais forte. O Stavka (o alto comando das forças armadas russas) reuniu-se em Moscou em 6 de abril e está pronto. O Ministério das Relações Exteriores alertou no domingo para as “consequências graves”. Isso significa que se houver um tiro americano contra um soldado russo, estamos em guerra. Não uma guerra de informação, uma guerra cibernética, uma guerra econômica ou uma guerra por procuração – mas uma guerra mundial.
Espero que a situação não seja tão grave.
“A visão russa é simples: o Ocidente é governado por uma gangue de bandidos apoiada por uma mídia infinitamente mentirosa e hipócrita, enquanto a população ocidental está em geral completamente zumbificada”, escreveu The Saker, no Russia Insider.
“Os generais americanos, ao contrário dos políticos, dos meios de comunicação e do governo dos EUA, são avessos ao risco se o resultado puder ser catastrófico”, afirmou também no Russia Insider Gilbert Doctorow.
Estes acima são dois dos três mais inteligentes e confiáveis especialistas em Rússia. O terceiro é o professor Stephen Cohen, que se preocupa, como eu, que a arrogância e a prepotência de Washington estejam provocando a Rússia ao ponto da eclosão de uma guerra.
The Saker aponta que os russos concluíram ter sido um erro aguentar mentiras, insultos e eventos orquestrados por Washington e decidiram que, se os estúpidos americanos atacarem a Síria, a Rússia destruirá as forças americanas envolvidas.
Doctorow chegou à conclusão que, por mais idiota que Washington seja, o Estado-Maior Conjunto dos EUA terá mais juízo e não irá concordar com um ataque a um aliado russo.
Espero que Doctorow esteja certo. No entanto, sabendo que o belicista perturbado e demente John Bolton senta-se na Casa Branca ao lado de Trump, que se delicia com o papel de durão, fico mais assustado com a leitura do The Saker do que consigo ficar confiante com a opinião de Doctorow.
Há relatos, cuja validade não posso confirmar neste momento, que a totalidade dos militares russos foi colocada em alerta máximo, não apenas as forças russas presentes na Síria: segundo o Defense Blog, a Rússia pôs suas tropas em alerta total de combate.
As ameaças de Nikki Haley contra a Rússia na ONU segunda-feira não alimentam as esperanças de Doctorow de que a razão prevalecerá em Washington. Essa mulher enlouquecida disse que os EUA agirão contra o “monstro” Assad com ou sem a ONU.
Sempre ao lado do beligerante Bolton, o valentão Trump declarou que o suposto ataque químico na Síria “será respondido pela força. Não podemos deixar atrocidades como essas que todos testemunhamos… não podemos deixá-las acontecer no mundo, especialmente por causa do poder dos EUA, porque somos capazes de interrompê-las”.
Não houve ataque químico por parte da Síria. Tenho certeza absoluta. E apostaria minha vida nisso. Mas eis que o presidente dos EUA vem e declara que um não-fato é algo que “todos testemunhamos”. Não é de admirar que os russos tenham concluído que “o Ocidente é governado por uma gangue de bandidos apoiada por uma mídia infinitamente mentirosa e hipócrita, enquanto a população ocidental está em geral completamente zumbificada”.
Se Doctorow não estiver correto em afirmar que a sanidade do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos prevalecerá sobre o Presidente e seu Conselheiro Nacional de Segurança, estamos indo para a guerra.
É uma guerra que os EUA não vão ganhar.
Observem, queridos leitores, que quase não há menção a essa crise na mídia ocidental. Em vez disso, a mídia, seja a CNN ou a BBC, tem como matéria principal a busca do FBI ao escritório do advogado de Trump.
Chamar os americanos de despreocupados é pouco, não?
Perdidos é a palavra certa.
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Poder-e-ContraPoder/No-limiar-da-guerra/55/39871
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