Carlos Drummond – O neoliberalismo é uma guerra contra o estado de bem-estar social para inviabilizá-lo, alerta o economista Thomas Palley.
O neoliberalismo, mais do que representar um sistema concorrente daquele que vigora desde o final da Segunda Guerra Mundial, é uma guerra contra o estado de bem-estar social tradicional e visa mudar a estrutura econômica para inviabilizá-lo.
A análise é de Thomas Palley, ex-economista-chefe da US-China Economic and Security Review Commission e consultor, no texto Re-theorizing the Welfare State and the Political Economy of Neoliberalism’s War Against It. O trabalho foi apresentado em fevereiro no Fórum sobre Macroeconomia e Políticas Macroeconômicas promovido pelo Instituto de Políticas Macroeconômicas de Dusseldorf, na Alemanha.
Se for bem-sucedida, diz o economista, a guerra desfechará um golpe fatal na possibilidade de prosperidade compartilhada. Primeiro, canibalizará a instituição essencial que salvou o capitalismo de si mesmo na primeira metade do século XX, ao incorporar o sistema de mercado de modo a produzir resultados socialmente aceitáveis e politicamente estáveis.
Segundo, congelará a enorme desigualdade e retardará o crescimento que já aflige o capitalismo contemporâneo. Em terceiro lugar, bloqueará a expansão e a atualização do estado de bem-estar que é necessário para atender aos desafios de emprego e renda colocados pelo uso de robôs inteligentes.
O combate tem profundas raízes históricas que remontam à fundação do estado de bem-estar social, salienta o economista, mas não visa eliminá-lo completamente. Em vez disso, quer encolhendo-o e transformá-lo em um “centro de lucro” para as corporações.
Isso deve ser feito via privatização, eliminação de direitos e garantias e congelamento de gastos para garantir um declínio de longo prazo na participação do PIB no estado de bem-estar e no gasto per capita. Além disso, esse estado de bem-estar modificado deve ser financiado com impostos sobre a renda do trabalho e não com a renda do capital.
A guerra do neoliberalismo contra o estado de bem-estar social tem por base, diz Palley:
1) críticas ideologicamente fundamentadas, retiradas da economia predominante ou mainstream;
2) a implementação de políticas que solapam a solidariedade social em relação ao estado de bem-estar social;
3) a exploração das pressões promovidas pela globalização neoliberal.
Palley desenvolve uma nova estrutura teórica para analisar o estado de bem-estar social que distingue entre “modo de financiamento” e “modo de produção”. A íntegra do seu artigo está aqui.
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-que-o-neoliberalismo-combate-/4/39720
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