Sociedade

Violência em pauta

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Felipe Feijão – Es­tudo re­cente da Fun­dação Abrinq mostra que no Brasil, a cada 48 mi­nutos, uma cri­ança ou jovem é as­sas­si­nado. Esse dado as­sus­tador expõe na for­ma­li­dade de es­ta­tís­tica nu­mé­rica o re­flexo da re­a­li­dade vi­ven­ciada e sen­tida por todos.

Vive-se num cons­tante es­tado de alerta. A vi­o­lência se ma­ni­festa de di­versas ma­neiras. Nas pe­ri­fe­rias dos grandes cen­tros ur­banos, onde pre­va­lece o aban­dono e a ne­gli­gência de ser­viços pú­blicos, a vi­o­lência marca forte pre­sença. Ora, se não há mi­ni­ma­mente oferta de con­di­ções de vida digna, por que se pensa que a in­ter­venção do braço ar­mado (pro­ve­ni­ente da mesma es­tru­tura de onde de­ve­riam ter sido ofer­tados os ser­viços que co­la­bo­ra­riam para a mi­no­ração da vi­o­lência), adi­anta? Sim, pode ter uti­li­dade mo­men­tânea.

É desse modo que o es­tado de alerta sub­mete todos a um medo con­tínuo. De­vido a isso, as re­la­ções so­ciais ficam pre­ju­di­cadas. A per­versa ló­gica do medo di­minui, pois, a afir­mação e o re­co­nhe­ci­mento do outro também como su­jeito. Su­jeito é o agente de algo. Numa so­ci­e­dade civil ade­quada, todos são su­jeitos, isto é, par­ti­cipam, são in­cluídos, atuam.

Con­se­quen­te­mente, o dis­curso que per­ma­nece no âm­bito formal pa­rece não di­a­logar com o mundo da re­a­li­dade que se ma­ni­festa. Isso im­plica no que re­sul­tará, por exemplo, na pu­nição, que é exer­cida sobre a con­jun­tura, mas os com­po­nentes desta, antes, de al­guma forma, foram pu­nidos.

Outro dis­curso que se as­se­melha ao men­ci­o­nado é o que re­clama pela vi­o­lência. In­fe­liz­mente, essa ideia con­fusa tam­pouco di­a­loga com o que re­al­mente acon­tece. Res­ponder a um ato vi­o­lento de igual ma­neira ou pior so­lu­ci­o­nará os gri­tantes pro­blemas?

Sabe-se, com efeito, que o pro­blema de um per­ma­nente es­tado de guerra não está iso­lado de ou­tros pro­blemas que se re­la­ci­onam numa im­bri­cação mútua e pro­fícua. Basta ob­servar a pro­du­ti­vi­dade desse re­la­ci­o­na­mento em dados de es­tudos como o re­fe­rido neste texto.

A me­di­o­cri­dade, marca re­gis­trada no modo de gerir a coisa pú­blica, segue im­pe­dindo que esse ce­nário de bar­bárie seja al­te­rado.

http://www.correiocidadania.com.br/2-uncategorised/12993-violencia-em-pauta

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