O sujeito perdoava até o roubo, mas não perdoava a riqueza. “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha”, dizia ele, “do que um rico entrar no reino dos céus”. Não sei se vocês já tentaram costurar usando um camelo. É dificílimo. E machuca à beça o camelo.
Há quem afirme, claro, que ele não teria dito exatamente essa frase. Lucas, o biógrafo, estaria longe do amigo nessa hora e teria ouvido “camelo”, mas, na verdade, o amigo teria dito “cabelo”.
Outros alegam que “camelo” é uma tradução ruim pra “corda”. E há quem diga que “agulha” é uma tradução ruim pra “pequena porta”. Se alguma das hipóteses for verdadeira, o tradutor da Bíblia aprendeu a falar grego com a canetinha da Wizard.
Vamos esquecer então suas falas, já que elas parecem ter sido traduzidas pelo Joel Santana. Olhem pra vida do rapaz: não acumulou riqueza, não se formou, ao invés disso vivia descalço cercado de leprosos defendendo bandido. Isso não significa, no entanto, que ele fosse paz e amor. O sujeito tava mais pra Marighella que pra Gandhi.
Quando entrou no templo e viu que tava cheio de caixa eletrônico, chutou —literalmente— o pau da barraca, como estivesse na loja da Toulon em 2013. Não sobrou pedra sobre pedra do templo de Salomão. O jovem black bloc bicou pro alto tudo quanto era maquininha da Cielo.
Perdoou as prostitutas e, pior, garantiu que elas vão entrar no céu antes de você. “Elas e os cobradores de imposto”, disse o comuna, provando que, se tem uma coisa que comunista gosta mais ainda do que de putaria, é de imposto.
Atendia leproso sem cobrar nada ou pedir a carteirinha do plano, como se fosse um médico do SUS. E não só: atendia inclusive estrangeiros, como no caso do centurião romano, mostrando ser a favor do programa Mais Médicos.
Ao transformar água em vinho, nada mais fez do que dar drogas à juventude —como bom comunista.
Vamos lembrar que quem transforma água em vinho troca uma substância que não dá onda por outra que dá, como quem troca tabaco por maconha.
Não bastasse tudo isso, ainda tinha o preconceito, típico de comunistas, com o rock nacional. Quando o sujeito disse: “meu nome é Legião”, tratou de exorcizar.
Teria ele feito a mesma coisa se o nome do sujeito fosse “Vandré”? Tenho dúvidas.
http://m.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2017/12/1945744-parabens-baderneiro-comunista-defensor-de-bandido-e-prostituta.shtml?mobile
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