RODRIGO TOLOTTI UMPIERES – Colunista analisa estratégia do megainvestidor, que foca em empresas já estruturadas e tenta reduzir a competição ao máximo
Todo investidor do mundo já deve ter ouvido falar em Warren Buffett. Um dos homens mais ricos do mundo, tem também uma legião de seguidores quando o assunto é ensinamentos sobre o mercado, mas o que poucos comentam é como seu modo de agir afetou – e ainda afeta – toda a estrutura da economia.
Em artigo publicado na última terça-feira (13), o colunista Robin Harding, do Financial Times, faz uma pequena análise sobre a forma como o megainvestidor investe. “Sua influência tem um lado sombrio porque o coração pulsante do Buffettismo, celebrado em mil livros de investimento, é evitar a concorrência e minimizar o investimento de capital na economia real”, afirma o texto.
Segundo ele, uma leva de estudos recentes mostra exatamente como essas forças – concorrência diminuída, lucros crescentes e menor investimento – afligem os EUA. Os economistas Jan de Loecker e Jan Eeckhout mostraram um aumento nos markings corporativos, uma medida vinculada às margens de lucro, que saltou de 18% em 1980 para 67% hoje.
Além disso, em um artigo apresentado na Brookings Institution na semana passada, Germán Gutiérrez e Thomas Philippon mostram como o investimento caiu em relação à lucratividade. “Buffett não causou essas tendências. No entanto, eles são fundamentais para sua fortuna”, diz Harding.
O autor ainda afirma que Buffett é completamente honesto sobre seu desejo de reduzir a concorrência. Ele apenas chama isso por um nome popular – “alargando o fosso”. “Não quero um negócio fácil para os concorrentes. Eu quero um negócio com um fosso em torno dele com um castelo muito valioso no meio “, disse o megainvestidor em 2007.
“Ele [Buffett] diz aos gerentes da Berkshire Hathaway que ampliem seu fosso todos os anos. A definição de Buffett de boa administração é, portanto, clara. Se você tem concorrentes efetivos, você está fazendo seu negócio de forma errada”, diz a publicação.
Harding explica que Buffett tem hoje duas maneiras principais de colocar seu dinheiro para trabalhar. Por um lado, ele finalmente está investindo em ativos físicos, embora apenas em setores regulados, como eletricidade e ferrovias onde os retornos são largamente garantidos. “Por outro lado, ele está trabalhando com a empresa brasileira de private equity 3G, pois reduz os custos até osso e gera margens no Burger King e na empresa de alimentos Kraft Heinz”, afirma.
O colunista afirma que este não é o único motivo para a queda do investimento e maiores lucros nos EUA. Segundo ele, “uma melhor aplicação da legislação antitruste ajudaria, mas as recentes propostas para uma renovação completa da política de concorrência não são bem fundamentadas”. “Embora a pesquisa que liga a falta de concorrência à propriedade cruzada por fundos institucionais é interessante, não captura a realidade de operadores de private equity como a 3G”, continua o texto.
A análise de Harding pondera os tipos de investidores que existem hoje. Ele nem tenta contestar exatamente a genialidade de Buffett (e nem teria como fazer isso), mas lembra de outros nomes que hoje focam em apoiar empreendedores e novas ideias, como Elon Musk, que hoje se arriscar em dois setores que poucos se aventuram: automotivo e espacial.
http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/6949218/como-warren-buffett-quebrou-capitalismo-americano-segundo-financial-times
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