Tim Worstall – Existem mais pessoas pobres na América do Norte do que na China. É o que diz a mais recente pesquisa do banco Credit Suisse. O estudo não informou os números exatos dos Estados Unidos, já que a pesquisa foi feita por região, mas considerando que a população do Canadá é pequena, ela praticamente não interfere no resultado final.
De acordo com o estudo, não existe um só cidadão chinês entre os mais pobres do mundo, mas 10% deles estão na América do Norte. Outros 20% entre os mais pobres estão na Europa.
O continente norte-americano tem 10% das pessoas mais pobres do planeta e 30% das mais ricas. A Europa tem, aproximadamente, 20% das mais pobres e 35% das mais ricas. E a China não tem nenhum cidadão entre os mais pobres e cerca de 7% ou 8% entre os mais ricos.
O dado pode parecer estranho, já que a China tem mais gente do que as outras duas regiões somadas e também é uma nação historicamente muito mais pobre do que a América do Norte e a Europa juntas. Todos sabem que a Europa e a AN são muito mais ricas do que a China. No entanto, é preciso entender que o estudo mede riqueza líquida e não renda, ou seja, o valor de todos os lucros menos as dívidas.
Para determinar como a riqueza global é distribuída entre as famílias e indivíduos – em vez de regiões ou países – o Credit Suisse combinou seus dados sobre o nível de riqueza das famílias nos países com informações sobre a distribuição de riqueza nessas nações. Depois que são descontadas as dívidas, uma pessoa precisa apenas de US$ 3.210 para estar na metade mais endinheirada do planeta em 2015. No entanto, são precisos US$ 68.800 para estar entre os 10% mais ricos e US$ 759.900 para pertencer ao top 1%. Enquanto a metade mais pobre dos adultos possui menos de 1% da riqueza total do planeta, os 10% mais ricos retém 87,7% dos bens. O 1% mais abastado tem metade da fortuna de todas as famílias do mundo.
Na América do Norte e na Europa isso significa que todo mundo que pagou o financiamento de sua casa está entre os 10% mais ricos. Essas regiões acabam apresentando um número elevado de “pessoas pobres” porque, de acordo com a lógica do estudo, se você tem US$ 10 no bolso e não tem dívidas, você é mais rico do que 25% dos norte-americanos.
É possível ter riqueza negativa: acontece quando sua dívida é maior do que os seus bens. No entanto, isso só aparece em uma sociedade na qual exista um sistema financeiro e bancário que empreste dinheiro para pessoas sem bens. Portanto, cidadãos com grandes dívidas pertencem ao grupo dos 10% mais pobres do mundo.
Os indianos e os africanos que estão entre esses 10% não são pobres da mesma maneira. São pessoas que têm seu trabalho, as roupas em seus corpos e nada mais. Já na América do Norte e na Europa, são pessoas com mais dívidas do que bens. A China não tem pessoas com essas características porque o sistema financeiro funciona de outra forma. Financiamentos de casa e estudantis não existem por lá, portanto não existe ninguém com riqueza negativa.
Ou seja, os números assumidos pelo Credit Suisse são, no mínimo, polêmicos, pois a definição de riqueza pode ser contestada. Só foram consideradas algumas riquezas financeiras como casa, ações e economias. Não são considerados recursos como benefícios do seguro social ou capitais humanos, como um diploma de uma boa universidade.
Estados Unidos têm mais pobres do que a China, diz estudo polêmico de banco suíço
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