Luiz Eça – Como se sabe, o presidente dos EUA é o homem mais poderoso do planeta. Mas ele não manda tanto quanto a frase faz supor.
O chamado “sistema” costuma ser mais forte. Começando pelo seu principal ator, o Congresso, a quem cabe o papel de aprovar leis, além de contar com outras atribuições que lhe permitem cortar as asas de qualquer ocupante da Casa Branca com pretensões de voar alto.
Ao contrário do que existe no Brasil, o presidente dos EUA não pode apresentar leis em qualquer das casas do Congresso, ou seja, o Senado e a Casa de Representantes (Câmara dos Deputados).
Certo que ele dispõe das chamadas “ordens executivas”, verdadeiros decretos-lei, que dispensam aprovação de representantes e senadores. No entanto, em muitos casos, elas podem ser tornadas sem efeito pelos parlamentares através dos variados recursos da complexa rede de leis e regulamentos estadunidenses.
Sem contar que seus sucessores na Casa Branca poderão cancelar sem explicações qualquer ordem-executiva emitida pelo governo anterior.
Claro, o presidente tem o poder de veto às decisões do Legislativo que não lhe agradem. É uma arma forte, pois vetos presidenciais só podem ser derrubados por uma maioria de 2/3, normalmente difícil de ser alcançada.
Também influem em muito nas decisões dos presidentes dos EUA as poderosas corporações e respectivos lobbies, que defendem seus interesses, contribuindo com vastos recursos financeiros para conquistar o apoio dos parlamentares.
Somem-se a tais grupos os lobbies de Israel e das Armas, principalmente, que utilizam os mesmos argumentos “financeiros” para colocar do seu lado membros do Legislativo e da Administração.
Não vamos esquecer o Pentágono, cuja voz é sempre respeitada (quando não temida) pelas figuras que detêm, ao menos, uma fração do poder. Estas categorias, que constituem o “sistema”, costumam ser tratadas com benevolência e respeito pela grande mídia e pela imprensa do interior do país.
Contrariar todas, ou mesmo parte delas, torna-se uma missão que beira o impossível para qualquer presidente. Ele precisa de muita coragem, equilíbrio, espírito público e habilidade para conseguir o que quer.
Diante dessa realidade, o pensamento de um presidente dos EUA normalmente não corresponde a grande parte, se não à maioria, das ações do seu governo.
Barack Obama é, sem dúvida, um político de ideias progressistas, liberal e humanista, que chegou à Casa Branca com a intenção de mudar os EUA.
Será que seu governo conseguiu?
Na política internacional, a mudança pretendida seria substituir o tradicional objetivo imperial do seu país por uma liderança voltada para a garantia da ordem e da paz universais, com base na justiça e no respeito aos direitos humanos, a nortear as relações entre todos os povos.
Ele até que tentou ser fiel às suas promessas de mudança. Em 2009, logo nos primeiros meses do seu governo, Obama procurou reatar relações com o Irã, perdidas em 1953, quando um golpe montado pela CIA derrubou o governo nacionalista e democrático do premier Mossadegh. Que ficaram ainda mais radicalizadas em 1979, com a invasão da embaixada norte-americana em Teerã por estudantes, os quais mantiveram sequestrados 56 diplomatas durante 414 dias, enquanto o governo de Teerã lavava as mãos.
Através de um vídeo, Obama fez um apelo de paz ao povo iraniano, oferecendo “um novo começo” nas relações entre as duas nações, para encerrar 30 anos de animosidade recíproca.
Seguiram-se diversos acenos de boa vontade da Casa Branca. No meio do ano, a aproximação naufragou após Obama condenar duramente a violenta repressão do governo de Teerã à “Revolução Verde,” que mobilizou multidões de oposicionistas protestando contra fraudes nas eleições presidenciais locais.
Em 2015, com o próprio Irã, Obama acabou registrando a maior vitória do seu governo ao promover acordo com os iranianos, que adiou por 10 anos ou mais um eventual programa nuclear bélico desse país.
O sistema saiu perdendo, apesar das vociferações e ameaças de Netanyahu, das manobras dos parlamentares republicanos e de anos de campanhas de opinião pública demonizando o Irã, disparadas por políticos, jornais e lobbies pró-Israel.
Primavera Árabe
Enquanto o acordo nuclear com o Irã tem sido colocado corretamente em primeiro lugar entre os sucessos de Obama, seu maior fracasso seria na Síria, conforme sustenta praticamente toda a mídia.
Um equívoco. Vejamos como os fatos se passaram. Empolgados pela Primavera Árabe, oposicionistas sírios iniciaram manifestações contra o governo Assad. A repressão violenta gerou um movimento revolucionário, ao qual aderiram militares que desertaram do exército.
A Arábia Saudita, o Catar e a Turquia, por razões políticas e também religiosas (no caso dos dois primeiros), passaram a apoiar os rebeldes com armas e munições. O governo Obama os imitou, justificando sua intervenção pelas torturas e outras brutalidades praticadas pelo regime durante o conflito.
E a voz de Obama fez-se ouvir em todo o mundo, declarando que Assad perdera sua representatividade e deveria ser defenestrado. A justificação do governo dos EUA não colou muito.
Afinal, a Arábia Saudita, aliada na guerra, tinha um governo mais totalitário e violador dos direitos humanos do que o de Assad. Nem por isso Obama pediu a queda da monarquia saudita, com quem mantinha uma sólida relação de amizade.
Com a entrada em massa de grupos islâmicos, em geral jihadistas, nas hostes rebeldes, que praticavam os mesmo atos condenáveis atribuídos a Assad, ficou ainda mais claro que os motivos dos EUA não poderiam ser humanitários. Na verdade, razões políticas pareciam estar atrás da posição anti-Assad dos EUA.
O regime de Damasco entrara na lista negra de Washington quando rebeldes iraquianos, vindos da Síria, haviam penetrado no Iraque para atacar as forças de ocupação. Assad negou sua responsabilidade, chegou mesmo a barrar rebeldes nas fronteiras, mas os EUA não o perdoaram.
Mesmo porque a Síria vinha se aproximando da Rússia e do Irã, dois dos maiores inimigos dos EUA, que, aliás, estavam fornecendo armamentos ao exército de Assad.
Apesar da ajuda dos EUA e aliados aos setores moderados, a revolução só ganhou forças graças aos grupos islâmicos jihadistas.
Eles se tornaram predominantes, criando um problema para Obama, já que eram hostis ao Ocidente e seus “valores democráticos”.
Esse fato e a rejeição completa do povo norte-americano a intervenções armadas deixaram Obama numa saia justa.
Ele optou por aumentar a quantidade e qualidade das armas enviadas, procurando evitar que caíssem em mãos dos aliados jihadistas, que, no caso de vitória da revolução, provavelmente as usariam contra interesses estadunidenses.
Há quem sustente que Obama poderia vibrar um golpe decisivo no governo Assad, bombardeando Damasco, em retaliação ao uso de armas químicas pelo exército do governo (fato que, na ocasião, ainda estava em investigação).
O governo vacilou – afinal, Assad era o presidente da nação. Havia sido reeleito por grande maioria, vencendo vários partidos de oposição, embora os maiores líderes dessa corrente estivessem no exílio, atuando na revolução. Situação idêntica aconteceu no Egito, após o golpe militar.
O marechal Sissi ganhou as eleições, sem candidatos do principal opositor – Irmandade Muçulmana -, todos presos ou exilados. E John Kerry saudou sua eleição como a entrada do Egito na democracia…
No decorrer da guerra síria, os rebeldes passaram à ofensiva. Com a perspectiva de derrota de um dos seus poucos aliados no Oriente Médio, a Rússia decidiu intervir.
Sua força aérea foi lançada para apoiar o exército do governo, bombardeando as forças do inimigo.
Não havia nada de ilegal, afinal Assad havia sido eleito em eleições aparentemente justas. E Moscou virou o jogo, indignando o Ocidente.
Alegava que seu alvo eram os grupos terroristas, inimigos de todas as nações civilizadas.
O problema é que os aviões russos estavam atacando “acidentalmente” também os moderados. Conforme Putin, era impossível distingui-los dos jihadistas, pois dividiam os mesmos espaços.
Obama ficou impedido de intervir com seus aviões, pois poderia resultar num confronto direto contra a aviação russa, com riscos de se provocar uma guerra mundial.
No momento, a solução que agora se abre para o novo presidente dos EUA é negociar uma paz honrosa, plantando-se as bases de um novo regime, onde, ao menos numa fase de transição, Assad, em vantagem, teria de participar. Admita-se que Obama saiu perdendo, mas não que seja seu maior fracasso.
As circunstâncias da guerra limitaram suas chances. E mesmo que os rebeldes apoiados por ele vencessem, seria uma vitória de Pirro: os poderosos grupos jihadistas transformariam a Síria num caos, a exemplo do que acontece na Líbia.
Palestina, o grande fracasso
Acreditando que poderia conquistar a boa vontade do governo Netanyahu para que aceitasse a criação de um Estado palestino independente e viável, fez toda a sorte de concessões e favores ao governo de Telavive.
Tais como defender as ações de Israel, justas ou injustas, em todos os fóruns internacionais.
Embora provavelmente com dores na consciência, Obama não condenou os massacres de Gaza, alegando que “Israel tem o direito de se defender”; aceitou as demolições de casas de palestinos e a expulsão dos habitantes da região; declarou legal o ataque contra a Frota da Liberdade, que assassinou 8 militantes; nada opôs ao tratamento brutal dos menores palestinos e a outras violações dos direitos humanos praticadas pelo governo Netanyahu, além de vetar ou trabalhar contra resoluções da ONU condenando tais malfeitorias.
Além disso, os EUA concedeu um aumento no subsídio de 30 para 38 bilhões de dólares, durante 10 anos, prestado ao exército israelense, que já é o maior do Oriente Médio, para proteger Israel da ameaça inexistente e improvável dos países islâmicos vizinhos.
Essas benesses não são de amigo para amigo, mas de pai e mãe para filho. Netanyahu respondeu sabotando todas as negociações de paz na Palestina de iniciativa de Obama. Chegou a ir discursar em pleno Senado dos EUA para tentar destruir o acordo nuclear com o Irã, política fundamental do próprio governo norte-americano.
Obama levou anos para perceber que o governo de ultradireita de Israel não tinha interesse algum na independência da Palestina, conforme o próprio Netanyahu afirmou na sua campanha eleitoral. Só aí Obama resolveu atacar os malfeitos israelenses.
Suas críticas tornaram-se bem mais duras, as divergências foram além das antes pálidas preocupações oficiais, incluindo até informações vazadas na imprensa. E as condenações oficiais a atos ilegais israelenses foram mais frequentes, ameaçando por limites à tradicional defesa incondicional dos interesses de Telavive.
Entre outras críticas, Obama entrou de pé alto, em entrevista a uma rádio israelense: “as propostas de paz de Netanyahu incluíam tantas advertências, tantas condições, que não é realístico pensar que essas condições poderiam ser atendidas em qualquer momento num futuro próximo”.
A nova postura do presidente norte-americano chegou ao ápice na abstenção na votação de resolução, que não só condenou os assentamentos, mas também determinou o fim de sua expansão, com relatórios da situação a cada três meses. O que tornava Netanyahu responsável pelo cumprimento da resolução da ONU.
Infelizmente, a ousadia do presidente é praticamente ineficaz pelas posições 100% pró-Israel do novo presidente dos EUA.
Será um triste epílogo na história dos mandatos de Obama que em oito anos não conseguiu absolutamente nada para os palestinos.
Dificilmente existe uma causa mais importante do que a libertação de um povo, sob 68 anos da ocupação estrangeiras.
O governo Obama dispunha de poder capaz de dobrar as resistência dos ultradireitistas de Telavive, ainda mais com a maioria dos países europeus pronta a formar a seu lado.
Poderia ameaçar cortar os 38 bilhões para o exército de Israel e votar no Conselho de Segurança da ONU contra todas violações de direitos humanos e das leis internacionais praticadas por Netanyahu. Forçando-o a concordar com um acordo justo para tornar realidade a solução dos dois Estados.
Claro, seria uma tarefa de Hercules vencer a poderosa oposição do sistema, sua tremenda conjunção das forças dos lobbies pró-Israel e do dinheiro dos seus bilionários apoiadores, das indústrias de armamentos adversas a uma da paz que reduziria seus lucros, do Pentágono sempre com a mão no gatilho, dos inúmeros veículos de mídia espalhados pelos de EUA e, principalmente, dos parlamentares republicanos e democratas sempre em guarda pela defesa dos interesses israelenses. O que demonstraram ao reagir furiosamente à abstenção fatal, planejando protestos e mesmo a anulação da abstenção na ONU.
Provavelmente Obama sonhava em realizar a independência palestina. Mas não teve força política ou coragem para enfrentar o Leviatã. Na dúvida, não se deve culpá-lo pelo maior dos seus fracassos.
Não estou certo de que esse mesmo critério seja aplicado à questão de Guantánamo. Obama prometeu fechar a instalação em um ano, emitindo ordens executivas nesse sentido.
Guantánamo
Mas a maioria republicana no Congresso tornou-as sem efeito, votando medida que proibia a alocação de recursos para transferir presos ao território dos EUA e aos países que os acolhessem. Obama preferiu não vetar.
Talvez temendo uma derrota (improvável), talvez procurando contemporizar para, aos poucos, ir despovoando Guantánamo. Até não ficar mais ninguém. Guantánamo deserto implicaria no encerramento de uma das mais vergonhosas páginas da história estadunidense.
Noticia-se que Obama sairá do poder deixando 56 detentos na prisão da ilha. Trump poderá cumprir sua promessa de encher Guantánamo de bad guys.
Líbia
Outro erro do presidente foi a participação na guerra da Líbia, contra o ditador Kadafi. O resultado foi a deposição de um governo que, embora tirânico e desumano, explorava seu petróleo com sabedoria, gerando rendimentos que permitiam oferecer importantes benefícios sociais. Kadafi foi substituído pelo caos.
Os grupos jihadistas participantes da revolução, armados pela Inglaterra, França, EUA e outros países, lutam entre si, impedem a formação de um Estado organizado e aterrorizam a população.
Aqui o sucesso militar transformou-se em uma tragédia civil. O que, aparentemente, não deve estar acontecendo na guerra contra o Estado Islâmico (EI).
Contrariando a opinião de muitos republicanos e militares, Obama vetou uma ação militar em terra, preferindo usar bombardeios por aviões, os quais vêm apoiando com êxito a ação dos exércitos iraquianos e dos combatentes curdos.
Embora os pessimistas falassem em 20 anos para derrotar os fanáticos do EI, parece que muito antes eles perderão seus territórios e terão de partir para a clandestinidade.
O prazo final da guerra seria abreviado caso os EUA aceitassem bombardear as posições do Estado Islâmico em coordenação com a aviação russa.
Parece que a russofobia do Pentágono influenciou Obama para rejeitar a ideia.
Reatamento com Cuba
No caso de Cuba, o presidente foi firme e, mesmo com pressões dos republicanos, dominantes no Legislativo, reabriu relações com a ilha.
Prudente, ele vem promovendo acordos setoriais até chegar ao principal que é o restabelecimento de plenas relações comerciais entre as partes. Tem a seu favor a divisão do sistema diante da ideia.
Setores amplos da economia norte-americana são altamente favoráveis a fazer investimentos em Cuba – aproveitando sua excelente mão de obra, além de poder importar produtos locais, exportar um mundo de produtos dos quais os cubanos são carentes, enviar turistas, construir hotéis, entre outros bons negócios.
Parlamentares arejados e até a maioria dos cubano-americanos jovens e do povo dos EUA também são favoráveis.
Novamente, Obama não teve tempo para chegar ao fim do processo. Esta prerrogativa ficará para o incerto Trump.
Acordo nuclear com Irã
Não há quem aposte em que ele agirá com juízo (há dúvidas de que ele tenha). Dúvidas também persistem no que The Donald fará com o acordo nuclear, aprovado pelas principais nações europeias e a China, depois de um longo processo onde a ação de Obama foi determinante para que se chegasse a um happy end.
Aliados ao governo de Israel, os congressistas do Partido Republicano lançaram mão de muitos expedientes para por a pique o acordo. Chegaram a negociar uma emenda nesse sentido, com apoio de muitos parlamentares democratas.
Confiantes em que aprovariam essa emenda, procuraram convencer senadores democratas a votar com eles. Estavam conseguindo, mas Obama declarou que vetaria uma emenda antiacordo nuclear.
Embora contando com muitos senadores democratas, os republicanos verificaram que não teriam apoios suficientes para derrubar o veto presidencial.
O acordo nuclear com o Irã foi de importância crucial para a humanidade. Ele evitará uma guerra, que incendiaria todo o Oriente Médio e causaria imensos prejuízos em vidas humanas e recursos financeiros.
Terminadas as sanções, o mercado iraniano foi aberto aos negócios com as empresas internacionais. Tendo o Irã se livrado das sanções, sua economia voltará a crescer e gerar empregos, e o país romperá seu isolamento em relação ao Ocidente.
Ucrânia
O equilíbrio e coragem com que Obama enfrentou o sistema e está executando sua política de destruição do EI parece ausente no caso da Ucrânia e seu efeito colateral: a mobilização da OTAN nas fronteiras russas com os antigos países comunistas.
Somente a vocação imperial poderia justificar a ação norte-americana na revolução ucraniana. Tirar a Ucrânia da órbita de Moscou foi considerado extremamente importante para derrotar o país que ousava encarar o líder mundial na Síria e no Irã.
Daí a participação norte-americana no movimento que George Friedman, o presidente do insuspeito e conceituado think-thank Stratford, definiu como ”o mais clamoroso golpe na história”.
Como da árvore ruim nascem maus frutos, Putin reagiu no mesmo tom. Recuperou a Criméia, num referendo onde o povo ucraniano aprovou a anexação. A região fora parte da Rússia até o governo Kruschev, que decidiu torná-la uma das repúblicas soviéticas.
Putin também apoiou com armamentos e até tanques a insurreição dos habitantes russos do leste ucraniano, onde eram maioria absoluta. Os EUA e a Europa protestaram indignados contra a ilegalidade.
Obama lançou sanções econômicas contra a Rússia e forçou a União Europeia a fazer o mesmo. Malgré elle que perdeu vultosos negócios como consequência.
Diante destes lances, alguns países, outrora satélites de Moscou, sentiram-se arriscados a serem alvo do expansionismo do novo Napoleão Bonaparte, o presidente Putin.
A OTAN lhes deu razão. Seu líder, os EUA, instalaram canhões e sistemas e sistemas antimísseis (que facilmente se transformam em lançadores), nos países ex-satélites de Moscou.
E os norte-americanos, além de diversos países da OTAN, enviaram e seguem enviando grandes contingentes militares, especialmente norte-americanos, para se postarem nas fronteiras da Rússia, em posição de defesa.
Os russos fazem o mesmo. O ambiente está tão tenso que qualquer incidente isolado entre soldados dos dois lados pode degenerar em algo como uma guerra mundial.
Não se sabe se Obama deixou-se contaminar pelo espírito imperial, ao decidir ameaçar o maior adversário da hegemonia mundial dos EUA. A seguinte frase parece ilustrativa: “eu acredito no excepcionalismo americano com todas as fibras do meu ser”.
Parece preferível supor que não passou de um arroubo num clima eufórico de campanha eleitoral. E que Obama esteve agindo na Europa Oriental sob pressão do Pentágono, ávido por tomar espaços de influência dos russos.
Drones
Isso não parece estar acontecendo na questão dos drones, analistas dizem que Obama age sponte própria.
“Já que precisamos matar chefões terroristas no exterior, capazes de lançar novos ataques, até similares ao das Torres Gêmeas, melhor usar drones do que a aviação ou mesmo forças especais. As vítimas civis serão em menor número e os países que habitam não criarão caso por dependerem da nossa ajuda. E, mais importante, pouparemos vidas de our guys”.
O programa de drones foi iniciado por Bush. Obama multiplicou por seis os lançamentos anuais feitos pelo presidente republicano, só reduzindo seu número a partir de 2013.
Os drones são condenados pela ONU e pelas principais organizações de direitos humanos por matarem de forma indiscriminada muitos civis inocentes. Segundo o Birô de Jornalismo Investigativo, já foram cerca de 1.500 civis, sendo 200 crianças assassinadas por eles no Paquistão, Iêmen, Somália e Afeganistão, até fins de 2016.
A partir de 2013, Obama estabeleceu critérios rigorosos para identificar pessoas suspeitas de representarem perigo para os EUA. Ele quer poupar vidas inocentes.
Ainda assim, permanece o terror no povo das regiões alvejadas pelos drones. Vale citar o general McChrystal, ex-comandante do exército no Afeganistão: “há uma percepção de pessoas desamparadas numa área sendo alvejadas por um raio vindo do céu, (disparado) por uma entidade que age como se tivesse onisciência e onipotência. E assim você cria uma tremenda animosidade entre a população, mesmo entre aqueles que não foram feridos”.
Provavelmente, Obama deve sentir dores na consciência por seus drones matarem pessoas, apesar dos seus esforços para evitar.
As rugas pronunciadas que recente foto mostram no seu rosto podem bem ser pelos palestinos, sírios, iraquianos, paquistaneses e iemenitas que ele não pôde ajudar. Pois Obama é humano, honesto, suas ideias são progressistas.
Ele pretendia fazer muito mais, realizar todas as mudanças que prometeu. Sistema à parte, um governo vale pelo que faz, não pelo que gostaria.
http://correiocidadania.com.br/2-uncategorised/12301-obama-na-politica-internacional-o-peso-do-sistema
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