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Xenofobia inglesa assusta

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LUIZ EÇA – Com o brexit, os conservadores ingleses estão mostrando sua verdadeira face. Primeiro escolheram como líder e primeira-ministra a Sra. Teresa May, notória defensora da saída inglesa da União Europeia.

Como secretária do Interior do governo Cameron, ela já tinha mostrado suas ideias linha-dura, que a qualificam como uma segunda Margareth Thatcher.

Livre das amarras humanistas que prendiam seu país à União Europeia, ela começou declarando seu país fora da Convenção de Direitos Humanos europeia.

Segundo sua apresentação na recente Conferência do Partido Conservador, os militares ingleses não estarão mais sujeitos à punição por infrações aos Direitos Humanos, como vinha acontecendo no país.

Depois de mostrar seu lado desumano, o governo May mostrou ser também xenófobo.

Através da secretária do Interior, Amber Rudd, o governo propôs que se encorajassem os empresários a admitirem funcionários ingleses.

Informou que estariam em estudos medidas para levar as empresas a elaborarem listas de funcionários estrangeiros, tendo em vista sua substituição – talvez gradativa – por funcionários ingleses.

A Sra. Rudd suavizou sua ideia, insistindo que “não era algo que definitivamente resolvemos fazer”.

Mas deixou claro que bem poderia ser implantado, depois de discussões.
Chocado com a apresentação da Sra. Rudd, Tim Farron, líder dos liberais-democratas, chamou as novas propostas de “uma política mesquinha e nojenta, que merece ser jogada numa lata de lixo.

Mas, Teresa May não seguiu seu conselho. elo contrário, reforçou o caráter xenófobo do seu governo como fez no programa BBC Breakfast.

Perguntada se ela garantia a permanência dos médicos estrangeiros no Serviço de Saúde Inglesa, ela respondeu de modo ambíguo: “sim. Teremos aqui equipes (médicas) do exterior num período interino, até que, mais tarde, exista um número suficiente de médicos ingleses capazes de serem treinados e ingressarem no serviço em condições de serem capazes de trabalharem em nossos hospitais”.

Portanto, quando essa data chegasse, os médicos estrangeiros seriam despedidos – talvez com um agradecimento da primeira-ministra ou mesmo uma medalha – e encaminhados para as filas dos desempregados ou talvez de volta a seus países de origem.

Todas estas propostas são claramente xenófobas, com grandes chances de serem adotadas por figuras como madame Le Pen e Nigel Farage (UKIP), caso seus partidos de extrema-direita racista cheguem ao poder.

Novamente, vozes de ingleses que prezam as tradições liberais e igualitárias do Reino Unido se fizeram ouvir.

Nicola Sturgeon, a primeiro-ministro da Escócia, escreveu no Twitter: “A arrogância destas decisões do governo do Reino Unido é espantosa… Como se ele estivesse fazendo um favor a esses doutores, permitindo que ganhem a vida aqui”.

A parlamentar trabalhista Tulip Siddiq comparou a nova política ao controverso “vão pra casa vans” (apelido depreciativo) infringido aos imigrantes ilegais, lançado por Teresa May quando era secretária do Interior, descrevendo-a como ”vergonhosa e perigosa”.

Até uma conservadora, a parlamentar Sarah Wallonston, embora aplaudindo o aumento dos centros de treinamento hospitalar de novos médicos, tuitou que “seria melhor para Teresa May que ela inequivocamente recebesse bem nossas valiosas equipes de saúde do exterior. Todos nós nos beneficiamos dos seus talentos”.

Pergunta-se: o que estarão estas pessoas fazendo na Inglaterra da Magna Carta, primeira lei protegendo os cidadãos contra as exações reais; de Darwin; de Florence Nightingale; de Bertrand Russell e de tantos outros que tanto fizeram pela humanidade?

Ao assistir pela TV estes devastadores pronunciamentos de Teresa May e seguidores, parece sentir-se ao longe a aproximação de botas pesadas martelando as ruas, ao som do “Horst Wessel Lied”, daqueles grupos conscientes, ou não, da perversidade intrínseca da xenofobia.

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