LUIZ EÇA – Hillary Clinton, quando secretária de Estado dos EUA, acusou: “doadores na Arábia Saudita constituem a mais significativa fonte de recursos dos grupos terroristas sunitas em todo o mundo” (Wikileaks).
Em julho de 2003, o wahabismo foi identificado pelo Parlamento Europeu como a principal fonte de terrorismo global.
O wahabismo é a religião oficial da Arábia Saudita. Desde 1979, o governo de Riad financia suas madrassas (escolas) na África, no Oriente Médio e na Rússia, de onde saem grande número de jihadistas.
O Departamento de Estado dos EUA calculou que, nas quatro últimas décadas, o governo de Riad aplicou 10 bilhões de dólares em instituições com o fim de divulgar o wahabismo. Experts da inteligência norte-americana estimam que de 15% a 20% foram desviados para a Al-Qaeda e outros movimento jihadistas violentos.
Como se sabe, o Estado Islâmico (EI) é fiel de uma seita sunita geralmente considerada wahabita.
Bem recentemente, ainda neste mês, comitê do parlamento inglês divulgou relatório declarando que há “histórica evidência” de que o EI recebeu ajuda financeira dos Estados do Golfo Arábico (inclusive da Arábia Saudita).
Segundo informação do Ministério da Defesa ao comitê, as doações ao também chamado Daesh eram feitas através dos desregulamentados Sistemas de Transferência de Valores Alternativos.
Isso foi descoberto quando se identificou como membro do EI uma pessoa que recebeu 2 milhões de dólares de doação de um emirado do Golfo Arábico.
O ministério avaliou esse recurso como mínimo em comparação com doações privadas ao EI relativas a lucros com petróleo, vindas dos emirados.
O comitê do parlamento inglês declarou que a Inglaterra “deveria apresentar questões duras a esses países amigos quando discutirem as doações que chegaram a grupos de militantes baseados na Síria e no Iraque”.
O relatório concluiu que, tendo sido objeto de severa pressão financeira por uma campanha internacional, o EI recorreu ao gangsterismo e ações de “proteção” para arrecadar dinheiro.
No entanto, enquanto os governos asseguram que não há evidências de que qualquer nação tenha enviado recursos ao EI como “questão política”, o relatório parlamentar revela a existência de suspeitas de que os Estados do Golfo ajudaram os fanáticos antes e durante o ataque e tomada da cidade iraquiana de Mosul, em junho de 2014.
Por sua vez, oficiais do Foreign Office do Reino Unido (o departamento do Exterior) informaram que “alguns governos da região podem ter falhado ao tentar evitar que doações dos seus cidadãos chegassem ao EI”.
Nada disso abalou a aliança do governo Cameron com os países do Golfo, especialmente com a Arábia Saudita, de longe o maior deles.
Cameron continuou a vender aos sauditas armas e equipamentos militares de última geração e enviar experientes assessores militares para ajudar a massacrar o indefeso povo do Iêmen.
Como isso se coaduna com os elevados valores morais das tradições britânicas?
Lembre-se a resposta de Bill Clinton a um crítico de certas posturas do presidente: “é a economia, estúpido!”
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11852:2016-07-22-21-21-11&catid=72:imagens-rolantes
Deixe uma resposta