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Com o golpe como desculpa, Erdogan tenta instituir a pena de morte na Turquia

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RT – Segundo declaração em entrevista ao canal estadunidense CNN, Erdogan acredita que a tentativa de golpe torna ainda mais urgente o debate sobre o tema.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou nesta semana que aprovaria o restabelecimento da pena de morte no país se os legisladores apoiassem o projeto que se encontra neste momento tramitando no Parlamento.

Segundo o declarado em entrevista ao canal estadunidense CNN, o mandatário considera que o recente golpe militar que fracassou no país, na noite de 15 de julho – e que ele qualificou como “um claro crime de traição à pátria” –, torna ainda mais urgente o debate sobre o tema, devido ao clamor popular que gerou.

Para o presidente da Turquia, “o povo exige o restabelecimento da pena de morte depois dos atentados (da semana passada). Não se pode ignorar a demanda da população, que exige uma punição rigorosa para os que participaram” da fracassada tentativa de derrubar o seu governo.

Desde domingo, o mandatário turco vem convocando seus simpatizantes a novas jornadas de protesto nas ruas do país, onde uma das consignas mais gritadas pelos manifestantes é “queremos a pena de morte”. Segundo ele, os turcos querem que se aplique a pena de morte especialmente aos organizadores do golpe. “Após tantos incidentes terroristas, muita gente pensa que esses terroristas devem morrer”, afirmou o presidente, que indagou: “por que temos que mantê-lo alimentados nas prisões durante anos, depois do que eles fizeram contra a nação?”.

Erdogan também disse que, em países democráticos, a voz do povo não pode ser ignorada, e indicou que as autoridades judiciais devem avaliar a proposta de restaurar a pena capital 12 anos após a sua abolição – dado citado em reportagem sobre o tema do jornal turco Hurriyet.

“A voz do povo é a que manda. Estamos numa democracia e não podemos ignorar esse direito. Os organismos responsáveis devem legislar a respeito dessas demandas, de acordo com as regras constitucionais, e logo tomar uma decisão”, proclamou o presidente turco. Ainda assim, afirmou que, em temas como esse, “sempre temos que deixar nossas emoções de lado”.

Segundo Erdogan, graças à vontade do povo, foi possível frear a tentativa de golpe de Estado, que ele afirma ter sido inspirado pelo “grupo terrorista” do escritor e político opositor Fethullah Gülen. Após a intentona da noite de 15 de julho, ao menos 290 pessoas foram mortas e cerca de 6 mil suspeitos de sublevação foram presos – entre eles se encontram Ali Yazici (assistente militar pessoal do mandatário turco), Bekir Ercan Van (comandante da base aérea Incirlik, da OTAN), Akin Ozturk (ex-chefe da Força Aérea do país), entre outros altos oficiais militares.

Erdogan não entrou em detalhes, como o de se a proposta de pena de morte deveria ser aplicada também ao escritor e filósofo muçulmano Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos, e que, segundo o presidente, seria o grande mentor intelectual por trás do golpe. A Turquia já entregou uma petição formal ao país norte-americano, solicitando a extradição de Gulen e afirmando que Washington deveria aceitar o pedido, já que a Turquia e os Estados Unidos são sócios estratégicos.

Por sua parte, o porta-voz do gabinete de ministros da Alemanha, Steffen Seibert, assegurou que a introdução da pena de morte na Turquia significaria o fim das negociações sobre a adesão do país à União Europeia.

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