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Mundo vive onda xenofóbica, diz professor de Columbia

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ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER – Há uma onda global de isolamento, xenofobia e atitudes desumanas com imigrantes, diz Christopher Sabatini, professor de relações internacionais na Universidade Columbia. Especializado em América Latina, ele diz que a região sofreu um golpe com a saída do Reino Unido da UE.

“Com o risco de parecer fatalista”, afirma, “podemos estar diante do desgaste de uma ordem internacional que orienta o mundo livre desde o fim da Segunda Guerra”.

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Folha – Donald Trump é um entusiasta do Brexit. A decisão na Europa pode ecoar na campanha americana?
Christopher Sabatini – Entre a retórica de Trump e a decisão da Suprema Corte [de manter a suspensão a um plano de Barack Obama que impediria a deportação de quase 5 milhões de imigrantes], como pode piorar? Os EUA chegaram a um ponto em que não só o Congresso falha em racionalizar a política imigratória. Agora o presidente não pode proteger crianças trazidas para cá. O Brexit, a decisão do Judiciário e Trump indicam que há uma onda global de isolamento, xenofobia e atitudes desumanas com imigrantes.

Bandeiras do Reino Unido perto do Parlamento britânico, em Londres, após anúncio da saída do país da União Europeia

Qual o impacto do Brexit na América Latina?
Vejo três efeitos, dois mais concretos e um simbólico. México e Chile têm acordos comerciais com a UE. Eles perderam o mercado britânico, o segundo mais rico do bloco? Argentina, Uruguai e até alguns setores do Brasil falam sobre fechar um acordo com a UE. Isso está em suspenso? No curto prazo, certamente será mais difícil para esses governos pró-mercado na América Latina agilizarem esse processo, enquanto os europeus lidam com seus problemas. Essa janela de oportunidade pode fechar.

Mesmo que esses países [mais liberais] estejam se saindo melhor do que outros com a queda no preço das commodities, [o Brexit] certamente é um golpe simbólico para a noção de livre comércio. Como uma nação pode convencer seu povo e seu Congresso a aderirem a um acordo se nem a segunda maior economia da Europa quer fazer parte dele?

Governos latino-americanos podem se dar bem com acordos bilaterais com o Reino Unido?
Sim, mas a Grã-Bretanha, apesar do tamanho, não será tão atrativa quanto a UE. Seria um mercado sedutor para produtos agrícolas caso corte seus laços de livre comércio com os ex-companheiros europeus –mas isso é um longo caminho, e não tão apelativo à UE.

Para o Brasil, o Brexit é ruim para os negócios?
É ruim para o futuro. O agronegócio pode se beneficiar em longo prazo, mas no curto prazo a turbulência monetária e a incerteza não ajudam ninguém.

Imigrantes brasileiros podem ter problemas?
Não acho. O gatilho para os britânicos foi a imigração do Leste Europeu e de partes da África. Para o resto do mundo, não significa que o Reino Unido esteja fechando as portas.

http://m.folha.uol.com.br/mundo/2016/06/1785718-mundo-vive-onda-xenofobica-diz-professor-de-columbia.shtml

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