LUIZ EÇA – O general Reinaldo Bignone, último presidente da ditadura militar argentina, acaba de ser condenado a 20 anos de prisão por seu importante papel na Operação Condor.
Nessa organização, oficiais da Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia agiam como esquadrões de morte contra exilados oposicionistas.
Durante os anos70 e 80, cada um desses oficiais tinha entrada livre e total apoio em qualquer dos seis países para prender, torturar e matar políticos que haviam fugido pelas fronteiras.
Embora fosse uma operação secreta, que agia fora da lei, as ditaduras desses países tinham pleno conhecimento de seus atos, aos quais davam total respaldo.
Como a Argentina foi a última nação da América Latina a cair sob um golpe militar, antes disso os oposicionistas perseguidos no exterior ali procuravam refúgio.
Em 1976, com a implantação da ditadura argentina, a Operação Condor alçou suas asas.
Presos em grande número, os refugiados desapareciam, normalmente cremados ou lançados ainda vivos de avião militar no oceano.
Bignone, que governou a Argentina no período 1982-1983, foi considerado culpado por integrar uma associação ilícita (a Condor), sequestro e abuso de poder no desaparecimento forçado de mais de 100 pessoas.
Ele já está cumprindo pena de prisão perpétua por múltiplas violações dos direitos humanos durante o regime ditatorial, entre 1976-1982.
Esta nova pena é, portanto, simbólica, mas o julgamento foi particularmente importante, pois pela primeira vez a existência da Operação Condor foi provada num tribunal. Também é a primeira vez que um líder da operação foi condenado por fazer parte dela.
Embora a participação dos EUA não foi objeto de exame, surgiram evidências sobre ela durante os três anos do julgamento.
“Obtivemos documentos de arquivos desclassificados do departamento de Estado e registros sul-americanos mostrando que os EUA estavam a par de que a Condor estava matando pessoas e (lhe) forneceram assistência técnica. Há evidências de que a CIA forneceu computadores e os membros da Condor se comunicaram entre si, via um serviço de telex dos EUA baseado no Panamá”, informou Palmás Zaldua, advogado de direitos humanos.
Disse ainda que: “até agora só examinamos arquivos do departamento de Estado dos EUA. Esperamos descobrir mais informações depois que o Pentágono e a CIA liberem seus arquivos relativos ao período das ditaduras que governaram a América Latina”.
Os argentinos contam com uma promessa feita por Barack Obama de que irá revelar todos os arquivos dos EUA nessa época, incluindo registros militares e de inteligência”.
Durante sua estada na Argentina, o presidente norte-americano declarou: “acredito que nós temos a responsabilidade de confrontar o passado com honestidade e transparência”.
Foi muito corajoso. É bem conhecido o papel sujo que a CIA e militares yankees desempenharam no apoio às brutais ditaduras militares latino-americanas nos tempos da Guerra Fria.
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